COLÔMBIA E FARC: ACORDO SOBRE O NARCOTRÁFICO E CESSAR-FOGO



O comandante das FARC Jesús Santrich e uma colaboradora chegam ao Palácio das Convenções em Havana (Foto: AFP/Página/12)
Avanços nas negociações entre a guerrilha e o governo colombiano em Havana: além do acordo no diálogo de paz, as FARC anunciaram junto com o ELN o cessar-fogo a partir de 20 de maio até 28 de maio, num gesto para corresponder ao “clamor nacional” de evitar perturbações durante as eleições.


Matéria do jornal argentino Página/12, edição de ontem, dia 17


O governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram um acordo no ponto sobre drogas da agenda do diálogo de paz, logo depois que essa guerrilha, junto com o ELN (Exército de Libertação Nacional), informaram sobre um cessar-fogo unilateral por motivo das eleições presidenciais do próximo dia 25. O ponto acordado na sexta-feira pelas delegações levou seis meses de discussão e é o terceiro na agenda, referente ao narcotráfico e cultivos ilícitos, que se analisou logo após encerrar os dois anteriores, sobre terras e participação política, noticiou o jornal colombiano El Tiempo. Ambas as partes deverão agora debater sobre a Justiça de transição e vítimas do conflito armado, ponto em que as FARC insistem na criação duma comissão da verdade integrada por experts nacionais e internacionais.


Durante a jornada da sexta-feira, as FARC também anunciaram, junto com o ELN, o cessar-fogo a partir de 20 de maio até 28 de maio, num gesto para corresponder ao “clamor nacional” de evitar perturbações durante a contenda eleitoral. A delegação de paz do grupo guerrilheiro divulgou em Havana um comunicado firmado pelos principais chefes do grupo, Timoleón Jiménez (Timochenko), e do ELN, Nicolás Rodríguez (Gabino). “Ordenamos a todas as nossas unidades cessar qualquer ação militar ofensiva contra as Forças Armadas do Estado ou a infraestrutura econômica, a partir da zero hora de terça-feira, 20 de maio, até as 24 horas de quarta-feira, 28 de maio”, assinalaram os chefes guerrilheiros numa nota lida pelo negociador das FARC Pablo Catatumbo, codinome de Jorge Torres Victoria.


Se trata do terceiro cessar-fogo unilateral declarado pelas FARC desde que começaram os diálogos de paz com o governo em novembro de 2012 e o primeiro que realizam de forma conjunta com o ELN durante este processo. “Já veremos se se modificarão a linguagem, as ordens dos altos dirigentes e membros da cúpula militar ou policial, com relação ao nosso gesto, ademais o fazemos como luz de esperança para um cessar-fogo bilateral”, sublinharam as guerrilhas. As FARC e o ELN lembraram ao governo que insistiram de forma reiterada na “necessidade de se chegar a um cessar-fogo bilateral que reforce as conversações de paz rumo a uma efetiva e pronta reconciliação entre os colombianos”.


Não obstante, após o anúncio o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, descartou a possibilidade do governo declarar uma trégua em suas ações militares como resposta ao cessar-fogo anunciado pelas guerrilhas. “Aprendemos que cada vez que foram feitas tréguas bilaterais significou um fortalecimento dos grupos armados, o fazem para isso, para buscarem se recuperar, tomarem ar”, disse o ministro num evento na cidade de Cartagena.


O anúncio se faz um dia depois que as autoridades atribuíram às FARC a morte de dois menores ao serem impactados por um explosivo que lançaram contra instalações da polícia na zona rural de Tumaco. Tal ataque foi condenado por diversos setores políticos, do presidente Juan Manuel Santos até a ex-senadora Piedad Córdoba, que pediu em sua conta no Twitter que a guerrilha se pronuncie sobre o suposto uso de meninos para atacar policiais. Sobre este tema, o principal negociador das FARC, Iván Márquez, disse que é a imprensa que, “sem argumentos sólidos, difunde informação irresponsável”.


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Por otro lado, los candidatos presidenciales mostraron posiciones encontradas respecto del alto el fuego unilateral (mostraram posições diferentes a respeito do cessar-fogo unilateral). El más crítico fue el candidato del Centro Democrático, Oscar Iván Zuluaga, quien calificó de “chiste” la decisión. “Me parece un chiste, ¿cómo así que un cese al fuego? ¿Quiere decir que en ocho días vuelven a hacer niños-bomba en Colombia?”, se preguntó Zuluaga, para quien una paz negociada debe incluir un cese de toda acción criminal de manera permanente. “Yo creo que esto es una burla para el país”, declaró a Radio Caracol el candidato del partido del ex presidente Alvaro Uribe.


De forma opuesta se expresó la candidata izquierdista del Polo Democrático Alternativo (PDA), Clara López, quien celebró la decisión y pidió a la fuerza pública que se sume a esa iniciativa. “Este cese unilateral al fuego, por lo menos en ocho días, permite algo de tranquilidad en el proceso de elecciones”, manifestó. Por su lado, el aspirante de la Alianza Verde, Enrique Peñalosa, afirmó que el cese al fuego “es un gesto positivo porque mostraría que tienen un mínimo de interés en buscar algún apoyo en la opinión colombiana”.


Por último, el ex mandatario César Gaviria, nuevo jefe de campaña del presidente Santos, quien aspira a la reelección, destacó que el cese al fuego es simplemente un derecho de los colombianos. “No creo que sea una concesión de los señores de las FARC, los colombianos tenemos derecho a votar serenamente y no en medio de las balas, y no veo que eso sea una ayuda para el presidente Santos, es un derecho”, persistió Gaviria.


Si bien las elecciones presidenciales se celebrarán el 25 de mayo, las encuestas indican que habrá necesidad de una segunda vuelta el 15 de junio (as pesquisas indicam que haverá necessidade dum segundo turno em 15 de junho).

Tradução: Jadson Oliveira

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