Pablo Catatumbo, um dos comandantes das FARC, lê o comunicado em Havana (Foto: AFP/Página/12) |
Se chegarem a um acordo final de
paz, vão participar de eleições através do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia:
o MBNC é considerado o braço político da guerrilha e foi fundado em 29 de abril
de 2000 na zona colombiana do Caguán, onde se desenrolou o anterior intento de
diálogo de paz. Será “um
partido político aberto e legal”.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição dos dias 30/abril e 1º./maio
As Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) anunciaram na terça-feira, dia 29,
que, se chegarem ao acordo de paz com o governo colombiano, participarão na
política de maneira legal através do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia
(MBNC), o braço político da guerrilha, ainda clandestino. “Aqui está o Movimento
Bolivariano pela Nova Colômbia, disposto a, se se alcança a assinatura do acordo
final, construir um partido político aberto, legal, que atraia as maiorias
descontentes”, declararam num comunicado os negociadores das FARC que, há mais
de um ano, participam em Havana do diálogo de paz com o governo do presidente
Juan Manuel Santos. A delegação manifestou que o objetivo deste novo partido
seria “prosseguir a luta pela democracia, a reconciliação e a justiça social”,
segundo o texto.
“O
Movimento Bolivariano está pronto para continuar seu avanço, pela Nova Colômbia,
oxalá num novo cenário marcado pela paz; mas em todo caso alçando o amarelo,
azul e vermelho (cores da bandeira colombiana) da emancipação, levantando agora
sua voz pela Constituinte que reconstrua o país”, acrescentaram as FARC em sua
declaração. O MBNC é considerado o braço político da guerrilha e foi fundado em
29 de abril de 2000 na zona colombiana do Caguán, onde se desenrolou o anterior
intento de diálogo de paz.
No ano passado,
Iván Márquez, número dois das FARC e chefe dos negociadores do grupo, indicou
que a guerrilha impulsiona partidos e movimentos políticos, entre eles o MBNC e
o Partido Comunista Clandestino. As FARC e o governo colombiano negociam desde
fins de 2012 em Havana um acordo para por fim ao conflito interno armado que existe
na Colômbia há mais de meio século. As delegações chegaram a acordos
preliminares sobre a reforma rural e a participação política, dois dos seis pontos
da agenda estabelecida.
Na
atualidade, a mesa de diálogo debate a erradicação dos cultivos ilícitos e
ficam pendentes os pontos sobre o desarmamento, a reparação das vítimas do
conflito e o modo de dar legalidade e vigência a um eventual acordo final de
paz. A delegação oficial, encabeçada pelo ex-vice-presidente Humberto de la
Calle, se absteve de fazer declarações sobre o MBNC.
As FARC
condicionaram a continuidade dos diálogos de paz a que o governo colombiano
aceite uma comissão da verdade e se descarte a prisão para seus dirigentes. O
negociador rebelde Andrés París advertiu que o processo de paz ficará suspenso
se o governo colombiano se nega a formar uma comissão que investigue a origem do
conflito.
“Se não há
avanço nesta comissão, aí param os diálogos”, expressou.
París assegurou
ademais que se pretende mostrar essa organização como responsável pelas vítimas
deixadas pelo conflito armado, que na sua opinião surgiu como resposta à “violência
estatal”.
Continua em espanhol:
Según el dirigente rebelde, “se prepara una base mediática para
mostrarnos en el punto de víctimas como los responsables de los muertos y
desaparecidos a lo largo de la guerra que por años ha afectado a Colombia”.
París señaló que Santos intenta convertir la mesa de negociación de La Habana
en un “tribunal de Nuremberg para juzgar guerrilleros”.
Consideró por ello (por isso) que es necesario que aflore la verdad
sobre preguntas como “quién inició el conflicto y quién tiene la mayor
responsabilidad” en la guerra que ha vivido Colombia por más de cinco décadas.
Las FARC descartaron de nuevo firmar un acuerdo de paz que signifique la
prisión para sus comandantes. “No van a encontrar a las FARC suscribiendo el
fin del conflicto y viendo a sus dirigentes en la cárcel”, sostuvo París.
En octubre pasado, durante las primeras conversaciones, hubo consenso en
crear, siempre que se alcance la paz, unas condiciones especiales en una fase
de transición para el caso de nuevos movimientos que se constituyan en partidos
políticos. El acuerdo alcanzado establece que “se convocará en un evento
nacional a los voceros (representantes) de partidos y movimientos políticos
para integrar una comisión que defina los lineamientos (os apontamentos, a
linha) del estatuto de garantías para los partidos que se declaren en
oposición”. Esa comisión está pensada para facilitar “la participación de
voceros (representantes) de organizaciones y movimientos sociales, expertos y
académicos” con propuestas para crear un Estatuto de la Oposición, según el
documento.
En su momento, las partes anunciaron que el acuerdo sobre participación
política “profundiza y robustece” la democracia colombiana “ampliando los
derechos y garantías para el ejercicio de la oposición, al igual que espacios
de participación de política ciudadana”, con el objeto de promover el
pluralismo, la inclusión política y la transparencia en los procesos
electorales. En el caso de llegarse a un acuerdo definitivo de paz, esta
resolución contempla cambios (mudanças) institucionales “para facilitar la
constitución de partidos políticos y el tránsito de organizaciones y
movimientos sociales con vocación política para su constitución como partidos”.
Tradução:
Jadson Oliveira
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