VENEZUELA: REUNIÃO PARA DIALOGAR COM CHANCELERES DA UNASUL



Maduro saúda junto ao chanceler Elías Jaua antes de entrar na Chancelaria, onde se fez a reunião com a oposição (Foto: AFP/Página/12)
Representantes do governo e da oposição venezuelana mantiveram um encontro para definir uma agenda comum: o encontro foi negociado por uma comissão de chanceleres da União das Nações Sul-americanas, que realiza uma segunda visita à Venezuela em menos dum mês para desempenhar um papel de “acompanhante” num eventual diálogo.


Matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 9


Representantes do governo e da oposição da Venezuela iniciaram na tarde de ontem (terça-feira) a “reunião preparatória” dum eventual diálogo formal entre ambas as partes, facilitada pela missão de chanceleres de países membros da Unasul que visita Caracas desde segunda-feira. A reunião começou nas primeiras horas da tarde, na sede da Chancelaria venezuelana, e uma hora depois não se havia confirmado se participaria dela o presidente Nicolás Maduro, que chegou ao lugar apesar de não estar previsto que faria parte do encontro.


Maduro chegou à Chancelaria acompanhado de seus principais colaboradores, enquanto que a delegação da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD – aliança de partidos da oposição) esteve encabeçada por seu secretário executivo, Ramón Guillermo Aveledo; Henri Falcón, governador do estado de Lara e presidente do partido Avançada Progressista; e o deputado e presidente do partido Um Novo Tempo, Omar Barboza. Os três foram recebidos na porta da Casa Amarela – sede da Chancelaria – pelo chanceler, Elías Jaua, segundo se pôde ver na transmissão da televisão estatal VTV.


“Este não é o início do diálogo, esta é uma reunião exploratória, na qual viemos ver, por convite dos chanceleres sul-americanos, se há condições para que o diálogo se produza”, disse à imprensa Aveledo em sua chegada à Chancelaria. “Vamos conversar acerca da agenda que temos proposto, da agenda que propõe o governo nacional, vamos falar acerca “del tercero de buena fe” (mais um intermediário do diálogo, que deve ser da Igreja Católica), que deve ser mutuamente acordado. Vamos falar, se essas condições estão dadas, de possíveis datas, lugares e hora para a reunião”, disse o opositor.


O encontro foi negociado por uma comissão de chanceleres da União das Nações Sul-americanas (Unasul) que realiza uma segunda visita à Venezuela em menos dum mês, para desempenhar um papel de “acompanhante” num eventual diálogo entre oposição e governo.


Esta “reunião preparatória” foi anunciada horas antes pelo chanceler do Equador, Ricardo Patiño, que se mostrou otimista em que no encontro se estabeleçam “os pontos da agenda de discussão e a metodologia para as conversações”. Além de Patiño, a missão da Unasul está composta pelos chanceleres da Argentina, Héctor Timerman; Bolívia, David Choquehuanca; Brasil, Luiz Alberto Figueiredo; Chile, Heraldo Muñoz; Colômbia, María Angela Holguín; Suriname, Winston La-ckin, e do Uruguai, Luis Almagro.


Em Washington, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, expressou ante o Comitê de Assuntos Exteriores do Senado seu respaldo ao trabalho de acompanhamento da Unasul na Venezuela. “Apoiamos muito os esforços de mediação de um terceiro dirigidos no sentido de  tratar de parar a violência e ver se se consegue um diálogo honesto” entre oposição e governo, declarou Kerry.


Continua em espanhol:


El lunes (Na segunda-feira), Maduro anunció que aceptaba el encuentro con la oposición tras (após) una propuesta de la Unasur, que estuvo reunida varias horas la víspera con la MUD. La MUD había señalado que para darse un diálogo debe ser en condiciones de igualdad, transmitido en radio y televisión en cadena nacional y en presencia de una tercera parte de “buena fe”.


El testigo (O testemunha) de buena fe que han evocado ambas partes es un representante del Vaticano, específicamente el secretario de Estado de la Santa Sede y ex nuncio en Venezuela, Pietro Parolin. Maduro lanzó un diálogo nacional a finales de febrero (fevereiro), pero la MUD rechazó participar por considerar que no ofrecía condiciones de igualdad.


Como puntos de la agenda de un eventual diálogo, la MUD estableció como prioridad la discusión de una ley de amnistía para poner en libertad a más de un centenar de detenidos y la creación de una comisión de la verdad que esclarezca los hechos violentos en las manifestaciones. En medio de las protestas fueron detenidos y destituidos dos alcaldes (dois prefeitos) opositores, así como Leopoldo López, dirigente del partido Voluntad Popular.


La MUD también demanda el desarme bajo (sob) supervisión internacional de los denominados colectivos, civiles armados que según la oposición están vinculados con el gobierno. Sobre las posibilidades de éxito de un posible encuentro, el politólogo (cientista político) José Vicente Carraquero dijo que “la agenda de la oposición es muy cuesta arriba”, porque implica que el gobierno “debería aceptar que en Venezuela hay presos políticos y que hay represión”.


“No creo que el gobierno acepte esas condiciones”, comentó el catedrático de la Universidad Simón Bolívar. Maduro, heredero político de Hugo Chávez y que el 19 de abril cumplirá un año en la presidencia, dijo estar dispuesto a un diálogo sin condiciones previas, porque “no se le ponen condiciones al jefe de Estado”.


Como prioridades para el diálogo propondrá retomar la lucha contra la criminalidad y el impulso a un plan de inversiones y desarrollo (desenvolvimento) económico.


Las protestas, tachadas por Maduro de “golpe de Estado en desarrollo (desenvolvimento)” y que dejan 39 muertos y unos 600 heridos, se iniciaron el 4 de febrero en San Cristóbal, en el oeste, en rechazo a la inseguridad, y se ampliaron luego a varias ciudades, incorporando reclamos por la crisis económica, la represión de las protestas y la detención de estudiantes y opositores.


Sectores radicales de la oposición han impulsado en las protestas la táctica denominada “La salida”, que busca la renuncia de Maduro presionado por manifestaciones. Las protestas han disminuido en intensidad, pero aún quedan (mas ainda restam) focos de violencia en algunas localidades, principalmente en el municipio opositor de Chacao, al este de Caracas, que cotidianamente es sacudido por disturbios callejeros (de rua) nocturnos entre manifestantes enfrentados con piedras y bombas incendiarias a fuerzas antimotines, que responden con gases lacrimógenos.

Tradução: Jadson Oliveira

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