PERU: RETRATO DE UMA PRIMEIRA-DAMA



Heredia foi designada presidenta do Partido Nacionalista em dezembro último, cargo que era exercido por Ollanta. (Foto: EFE/Página/12)
Nadine Heredia se converteu em figura destacada do governo peruano: carismática e popular, tem uma importante quota de poder na tomada de decisões do governo de Ollanta Humala. Se especula muito com suas supostas ambições presidenciais, algo que ela nega.

Por Carlos Noriega, no jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 14

De Lima (Peru) - Jovem, carismática, popular, mas também controvertida e questionada, Nadine Heredia se converteu numa figura protagonista do governo de seu marido, o presidente Ollanta Humala. Seu protagonismo político cresceu a tal nível que no país se fala de um co-governo de Ollanta e Nadine. Alguns, começando pelos rivais, vão mais longe: asseguram que Nadine é o poder por trás do trono, que é ela que governa. Isto  parece um exagero, mas há uma convicção majoritária de que Nadine detém uma importante quota de poder na tomada de decisões do governo. Se especula muito com suas supostas ambições presidenciais, algo que ela nega. Contra sua candidatura jogam com uma lei que proíbe postular-se em 2016 por ser mulher do presidente em exercício, ainda que não se descarte uma mudança desta legislação, e a queda na aceitação do governo e de sua própria popularidade.

Nos meios políticos, nas redações dos jornais e também nas ruas se comenta que a primeira-dama decide nomeações e saída de ministros, que despacha diretamente com eles, que há algumas pastas ministeriais que estão sob sua influência direta. É a principal ativista dos programas sociais, um assunto central na política do governo. Seus críticos a acusam de usar estes programas para promover sua imagem. A primeira-dama tem aparecido como porta-voz do governo em momentos críticos, quando o presidente Humala guardava silêncio. Em dezembro último, como para não deixar dúvidas de seu poder, foi designada, a pedido de seu marido, presidenta do governista Partido Nacionalista, cargo até então exercido pelo próprio Ollanta.

Ollanta e Nadine se casaram no início de 1999, quando ela tinha 22 anos e ele 36. Ollanta era então um oficial do exército. Ambos vêm de famílias andinas, da zona de Ayacucho, origem que  facilitou a conexão de Nadine com as comunidades andinas. Mesmo com vários anos mais nova do que Ollanta, Nadine é prima da mãe do esposo. O casal tem três pequenos filhos, duas meninas e um menino.

Nos seus 37 anos – nos próximos dias completará 38 –, Nadine Heredia não é uma primeira-dama tradicional. E isso tem atraído para ela os refletores e as críticas. Nadine, que estudou Ciências da Comunicação, Sociologia e Ciências Políticas, esteve presente ativamente em toda a carreira política do marido. Juntos fundaram em 2005 o Partido Nacionalista, pouco depois do comandante Ollanta Humala ter saído do exército. Empreenderam juntos um projeto político, e seis anos depois o casal chegaria ao Palácio do Governo, para, segundo a sensação majoritária no país, co-governar juntos.

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Nadine fue un factor importante para la popularidad del gobierno en sus inicios, pero ahora los cuestionamientos a su activa participación en las decisiones del Ejecutivo están debilitando al presidente Humala y al gobierno. Ella es el blanco (o alvo) predilecto de los ataques de la oposición y los medios (e dos meios de comunicação). Cada acción, cada declaración suya, es puesta bajo la lupa (é posta sob atenção, é examinada atentamente). En las encuestas (nas pesquisas), la primera dama siempre ha estado arriba del presidente, pero su popularidad ha comenzado a caer drásticamente. De acuerdo con la encuestadora CPI (instituto de pesquisa), el respaldo a Nadine bajó de 50 a 31 por ciento entre febrero y abril. El excesivo protagonismo parece estar comenzando a pasarle la factura (a pesar, a custar um alto preço). El presidente Humala, por su parte, ha caído entre febrero y abril de 40,7 a 21,2 por ciento.

Las denuncias de intromisión de la primera dama en las decisiones de gobierno no son pocas. La última generó una grave crisis gubernamental. En febrero, el primer ministro, César Villanueva, renunció luego de que la primera dama desmintiera públicamente su anuncio de un posible aumento del sueldo mínimo. El Congreso le negó el voto de confianza al nuevo primer ministro, René Cornejo, argumentando una injerencia de Nadine en las decisiones del Ejecutivo y en la designación del nuevo gabinete. Luego de unos días, la mayoría parlamentaria cambió (mudou) su decisión y respaldó a Cornejo, pero las críticas a Nadine no bajaron de tono.

Hace unos días, el Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, salió a defender a la primera dama. Declaró que le gustaría verla como candidata presidencial en 2021 porque la ley se lo prohíbe para las próximas elecciones de 2016. El escritor ha dicho que cuando conoció a la pareja presidencial “me pareció que la experiencia política mayor en la pareja la tenía Nadine”.

“Ollanta y Nadine han manejado siempre juntos el Partido Nacionalista como si fuera su propiedad, y lo mismo están haciendo con el gobierno. Ella participa activamente en la toma de decisiones del gobierno, los dos (os dois) se dividen el trabajo, deciden al mismo nivel. Sin duda hay un cogobierno. Nadine es más inteligente que Ollanta y sabe llegar mejor a la gente”, declaró a Páginal12 el sociólogo y analista político Sinesio López. “Antes de que asumieran el gobierno, Nadine aparecía como progresista, pero después ella tuvo un papel central en convencer a Ollanta para que girara a la derecha, participó en el nombramiento (na nomeação) de los ministros más neoliberales, fue ella quien llevó como ministro de Economía a un neoliberal como (Luis Miguel) Castilla”, dice Sinesio López, quien colaboró con el gobierno de Humala en la primera etapa.

Nadine Heredia responde a sus detractores asegurando que ella no cogobierna, que solamente apoya a su esposo, que la atacan para debilitar al gobierno y por machismo, y ha repetido una y otra vez que no será candidata a la presidencia, pero sus críticos no parecen creerle.

Tradução: Jadson Oliveira

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