Vara visitava sequestrados em La Escuelita e outros centros clandestinos (Foto: Enrique García Medina/Página 12) |
Aldo Vara era procurado por
violações dos direitos humanos: o ex-capelão do Exército foi encontrado pela
Interpol na Ciudad del Este, Paraguai, e ficou detido. Era procurado há dois anos,
quando a Justiça o considerou culpado por sua participação em delitos de lesa
humanidade durante a ditadura.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 29
Entre
1971 e 1979, Aldo Vara limpou as consciências dos integrantes do V Corpo do Exército
Argentino. Segundo asseguraram várias testemunhas, o então capelão dessa força
também visitou jovens sequestrados clandestinamente durante a última ditadura civil-militar.
Faz quase dois anos, a Justiça o considerou culpado por sua participação nos crimes
de lesa humanidade cometidos durante aqueles anos e pouco tempo depois ordenou
sua captura internacional. Ele esteve foragido até ontem (segunda-feira, dia
28), quando a Interpol o localizou e o deteve na Ciudad del Este, Paraguai. Segundo
informou a Unidade Fiscal (da Procuradoria/Ministério Público) de Causas por
Violações dos Direitos Humanos, o octogenário repressor foi transferido a Assunção,
onde “se realizarão todos os trâmites judiciais com a finalidade de que seja levado
para a Argentina”.
O último
dado sobre Vara dentro do território argentino foi que viveu em San Rafael,
Mendoza. O dado é antigo. Quando o Tribunal Federal que dirigiu o julgamento pelos
delitos de lesa humanidade cometidos no Batalhão de Comunicações 181 de Bahía
Blanca, em 2012, quis citá-lo para depor, a Igreja disse desconhecer seu paradeiro.
Os juízes Jorge Ferro, José Triputti e Martín Brava, então, não deixaram “a
peteca cair”: na sentença em que condenaram, no final daquele ano, 17 repressores
pelos crimes envolvidos nessa causa, determinaram sua culpabilidade e pediram
ao Ministério Público que o investigasse.
Vara é o
único do grupo de religiosos que colaborou ativamente com a repressão em Bahía
Blanca que resistiu à passagem do tempo. São vários os sobreviventes de centros
clandestinos de detenção e de sessões de tortura da última ditadura civil-militar
que recordaram diante da Justiça as visitas que o capelão fazia aos lugares de
sequestros, seu conhecimento a respeito dos métodos de extermínio e as palavras
que costumava dedicar às vítimas.
O caso mais
conhecido no qual testemunhas garantiram à Justiça haver dialogado com ele
quando em cativeiro é o dum grupo de estudantes da escola secundária técnica Nº
1, sequestrados em 1976, encerrados e torturados durante um mês em La Escuelita
e em seguida durante um tempo mais no Batalhão. Os rapazes contaram, na primeira
vez, (houve depois outros depoimentos), durante o Julgamento das Juntas (ainda
na década de 80, quando tais julgamentos na Argentina ainda não tinham
avançado), que o sacerdote lhes levava comida e cigarros, além da “palavra de Deus”,
mas que não fez nada quando eles pediram por seus pais.
Continua em espanhol:
También fue vinculado con el terrorismo de Estado por familiares de
víctimas de aquellos crímenes. Incluso él admitió, en el marco del juicio (do
julgamento) por la verdad que se llevó a cabo en 1999, que supo (soube) de las
torturas en el centro clandestino La Escuelita y que vio las secuelas de la
picana (choque elétrico) sobre el cuerpo de jóvenes secuestrados en el Batallón
de Comunicaciones 181.
Tras realizar la investigación, los fiscales (os procuradores) a cargo
de la Unidad de Asistencia en Causas por Violaciones a los Derechos Humanos,
Martín Palazzini y José Nebbia, solicitaron que se lo detuviera por privación
ilegal de la libertad agravada por amenazas y violencia, homicidio agravado por
alevosía en concurso de tres personas por lo menos y homicidio y desaparición
forzada e imposición de tormentos.
“Vara garantizó la continuidad de la privación ilegal de la libertad y
torturó psíquicamente a los cautivos dentro del centro clandestino y a sus
familiares, afuera”, escribieron en su pedido de imputación, búsqueda y
detención a Vara, tal como informó este diario hace un año. La cuestión derivó,
algunos obstáculos mediante – el juez de primera instancia, Santiago Martínez,
denegó (negou) la solicitud –, en su pedido de captura internacional, en agosto
de 2013.
En noviembre pasado, agrupaciones defensoras de los derechos humanos
solicitaron de manera formal a las autoridades locales de la Iglesia y al papa
Francisco, a través de ellas, que intervinieran y participaran en la búsqueda
de Vara. En diciembre siguiente, el Ministerio de Justicia y Derechos Humanos
ofreció una recompensa de 100 mil pesos para quien aportara información sobre
su paradero. Finalmente, fue encontrado ayer (ontem) en Ciudad del Este.
Tradução:
Jadson Oliveira
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