Maduro cumprimenta membros da oposição venezuelana, dentre eles seu rival nas eleições presidenciais Henrique Capriles (Foto: Prensa Miraflores/Opera Mundi) |
Presidente da Venezuela recebeu membros da
MUD, como seu rival nas eleições presidenciais de 2013, Henrique Capriles
Por Opera Mundi, de São Paulo, de 11/04/2014
A reunião mantida entre membros do governo venezuelano, incluindo o presidente Nicolás Maduro, e representantes da MUD (Mesa de Unidade Democrática), abriu o caminho para o diálogo na Venezuela. Apesar de tensa em alguns momentos, com troca de acusações, ambas as partes apresentaram propostas. Uma delas veio de Maduro, que pediu aos prefeitos e governadores da oposição que apresentem, pelo menos, dois projetos para benefício do povo na reunião desta sexta-feira (11/04).
"Será uma forma de trabalhar pelo povo", afirmou Maduro. Após o encontro desta quinta-feira (10/04), transmitido em cadeia nacional de televisão, o presidente designou o vice-presidente Jorge Arreaza, o prefeito do município de Libertador Jorge Rodríguez e o chanceler Elías Jaua para integrar uma comissão que continuará a dialogar com os integrantes da MUD. Maduro ressaltou que o grupo chavista servirá "para conversar de cara a cara" sobre os problemas do país. "Eu acredito na paz e na construção da paz, a paz superando problemas, não buscando agravá-los", disse.
Ambas as partes buscam colocar um fim a quase dois meses de protestos, que já deixaram 40 mortos (mais um dos feridos morreu ontem) e 650 feridos (Foto e legenda da edição desta sexta do Página/12) |
Ontem, em uma cena que seria inimaginável há pouco tempo, Maduro recebeu no Palácio de Miraflores membros da oposição, como seu ex-rival nas eleições presidenciais de abril de 2013, Henrique Capriles. A reunião foi facilitada por uma comissão de chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e tem como testemunha de boa fé a Igreja Católica, representada pelo núncio apostólico na Venezuela, Aldo Giordano.
"Esse diálogo era impostergável. Vamos buscar curar a sociedade da insanidade. Uma coisa é o protesto e outro é a violência. Eu os convido a que condenem a violência, que todos nós condenemos", pediu Maduro. A Venezuela vive desde o dia 12 de fevereiro uma série de protestos antigovernamentais, que em algumas ocasiões tornaram-se violentos e deixaram um saldo de 39 mortos, centenas de feridos e detidos.
O presidente venezuelano responsabilizou alguns setores da oposição de buscar a queda do governo com a crença de que este é "o momento da desarticulação e do colapso da revolução bolivariana", após a morte de Hugo Chávez, em março do ano passado. "Espero que este primeiro passo ajude, não se imponham os discursos, não se imponham as posições que tentam nos levar aos extremos", disse, ao reivindicar que "prevaleça a sensatez".
Maduro reconheceu que existem problemas no país e assegurou que está "aberto para debater todos os problemas". O presidente condenou o "sofrimento que passaram as comunidades sequestradas pelas 'guarimbas' (barricadas)", e ressaltou que uma coisa é o protesto e outra coisa é a violência. "Para protestar na Venezuela há plenas liberdades e eu disse mil vezes que se a MUD quer protestar todos os dias de todos os anos que estão por vir, podem fazê-lo", acrescentou.
(Falta o registro da intervenção de Henrique Capriles durante a reunião, o que procurarei recuperar em outra postagem. Deixo aqui o link para o Opera Mundi, onde há vídeos disponíveis do encontro, um dos quais com o pronunciamento de Capriles)
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