Uma coisa é reconhecer a força do inimigo e avaliar
se é possível avançar mais ou não. Outra coisa é não querer avançar, por
princípio, por que se "valoriza" os pactos, os acordos, as
conciliações.
Por Valter Pomar, de 01/04/2014 – reproduzido a partir do Facebook
Refiro-me ao seguinte
trecho do discurso presidencial: "reconquistamos a democracia à nossa
maneira, por meio de lutas e de sacrifícios humanos irreparáveis, mas também
por meio de pactos e acordos nacionais. Muitos deles traduzidos na Constituição
de 1988. Como eu disse, na instalação da Comissão da Verdade, assim como eu respeito e reverencio os que
lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado e nunca
deixarei de enaltecer esses lutadores e essas lutadoras, também reconheço e
valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização".
O erro consiste no seguinte: não foram os pactos políticos que levaram à redemocratização. Nem sozinhos, nem mesmo "também". Os pactos políticos detiveram a democratização, corromperam a democratização, macularam a democratização.
Nós lutamos contra os pactos, contra a conciliação, contra o acordo das elites. E se temos mais democracia hoje, é porque nunca nos conformamos com os pactos.
Quanto a chamada lei da Anistia, ela foi aprovada contra os nossos votos. Foi uma vitória do lado de lá. Não foi um "pacto", não foi um "acordo", foi uma vitória da direita, da ditadura, dos torturadores.
Por isto, é politicamente, historicamente e moralmente inaceitável colocar no mesmo plano as "lutas e sacrifícios humanos" das classes trabalhadoras, e os "pactos e acordos nacionais" patrocinados pelas elites.
A presidenta está completamente errada. É filiada ao meu partido, votei nela, votarei de novo em 2014, defendo seu governo contra a direita e contra o esquerdismo. Mas ela erra totalmente ao dizer isto.
Note-se o seguinte: a presidenta não se limitou a "reconhecer" os pactos. Ela os "valoriza".
Uma coisa é reconhecer a força do inimigo e avaliar se é possível avançar mais ou não. Outra coisa é não querer avançar, por princípio, por que se "valoriza" os pactos, os acordos, as conciliações.
Quem paga por este erro?
Entre outros, cada cidadão vítima da brutalidade policial, que se alimenta da impunidade.
Paga, também, nosso futuro. Pois este futuro depende entre outras coisas de termos forças armadas poderosas, mas sob absoluto controle civil. E para que isto ocorra, é preciso que nosso governo queira, deseje, valorize e atue contra a herança viva da ditadura militar.
Finalmente: a presidenta falou de sacrifícios irreparáveis. Na minha opinião, a única coisa realmente irreparável é desistir de lutar.
O erro consiste no seguinte: não foram os pactos políticos que levaram à redemocratização. Nem sozinhos, nem mesmo "também". Os pactos políticos detiveram a democratização, corromperam a democratização, macularam a democratização.
Nós lutamos contra os pactos, contra a conciliação, contra o acordo das elites. E se temos mais democracia hoje, é porque nunca nos conformamos com os pactos.
Quanto a chamada lei da Anistia, ela foi aprovada contra os nossos votos. Foi uma vitória do lado de lá. Não foi um "pacto", não foi um "acordo", foi uma vitória da direita, da ditadura, dos torturadores.
Por isto, é politicamente, historicamente e moralmente inaceitável colocar no mesmo plano as "lutas e sacrifícios humanos" das classes trabalhadoras, e os "pactos e acordos nacionais" patrocinados pelas elites.
A presidenta está completamente errada. É filiada ao meu partido, votei nela, votarei de novo em 2014, defendo seu governo contra a direita e contra o esquerdismo. Mas ela erra totalmente ao dizer isto.
Note-se o seguinte: a presidenta não se limitou a "reconhecer" os pactos. Ela os "valoriza".
Uma coisa é reconhecer a força do inimigo e avaliar se é possível avançar mais ou não. Outra coisa é não querer avançar, por princípio, por que se "valoriza" os pactos, os acordos, as conciliações.
Quem paga por este erro?
Entre outros, cada cidadão vítima da brutalidade policial, que se alimenta da impunidade.
Paga, também, nosso futuro. Pois este futuro depende entre outras coisas de termos forças armadas poderosas, mas sob absoluto controle civil. E para que isto ocorra, é preciso que nosso governo queira, deseje, valorize e atue contra a herança viva da ditadura militar.
Finalmente: a presidenta falou de sacrifícios irreparáveis. Na minha opinião, a única coisa realmente irreparável é desistir de lutar.
Orientação
Militante 16:26
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