Daniel Ceballos (à esq.) aparece aí ao lado de Leopoldo López, o principal líder da chamada "ultradireita golpista", também preso (Foto: VTV) |
Daniel Ceballos, de San Cristóbal, será acusado de fomentar "rebelião civil", enquanto Enzo Scarano teria descumprido sentença
Por Opera Mundi, de São Paulo, de 20/03/2014
Daniel Ceballos, prefeito de San Cristóbal -- capital do estado de Táchira e foco da onda de protestos na Venezuela -- foi detido nesta quarta-feira (19/03) pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência) por fomentar uma "rebelião civil" e instigar à violência.
Já Enzo Scarano, prefeito de San Diego, estado de Carabobo, terá de cumprir 10 meses e 15 dias de prisão por não cumprir sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) que ordenava as autoridades locais a impedirem o bloqueio de vias, como foi amplamente feito por manifestantes opositores nas últimas semanas.
Segundo o ministro do Interior, Miguel Rodríguez, a prisão de Ceballos "é um ato de justiça diante de um prefeito que não apenas deixou de cumprir as obrigações impostas pela lei e a Constituição, mas que também facilitou e apoiou toda violência irracional desatada na cidade de San Cristóbal".
O TSJ disse que "os dois cidadãos ficaram às ordens do Sebin e se estabeleceu como lugar de reclusão a sede do mencionado órgão situado em Caracas" até que se determine o lugar definitivo de cumprimento da sentença.
Já o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) deve discutir já na próxima sessão uma proposta de cronograma para eleições em San Diego, segundo informou a vice-presidente do órgão, Sandra Oblitas.
"Discutiremos o cronograma e anunciaremos ao país a data dessa nova eleição e as condições para o cumprimento dos lapsos legais em termos de aplicações, recenseamento eleitoral e auditoria previstos durante todo o processo eleitoral", afirmou Oblitas em uma coletiva de imprensa.
Reação da oposição
A reação não demorou entre os líderes da oposição. O candidato derrotado nas eleições presidenciais de abril de 2013 Henrique Capriles acusou o presidente Nicolás Maduro de colocar fogo na situação e disse que o presidente "será responsável pelo que acontecer no país". "Com a detenção fascista do Prefeito de SC Daniel Ceballos, Nicolás tomou a decisão de aumentar o conflito em Táchira e na Venezuela", escreveu Capriles no Twitter, onde também questionou se o governo quer "paz ou guerra?".
Em outra mensagem, o governador do estado Miranda disse diretamente ao chefe de Estado: "É claro, Nicolás, que você quer mais confronto e promover a violência em todo o país". Vários líderes estudantis convocaram novas passeatas nesta quinta-feira em muitas cidades do país em "solidariedade ao atropelo contra os prefeitos".
Leopoldo López, líder do partido de direita Vontade Popular, está em uma prisão militar desde 18 de fevereiro, também por promover a violência ligada aos protestos. Na terça-feira, a maioria chavista da Assembleia Nacional aprovou um pedido de investigação da Procuradoria contra a deputada opositora María Corina Machado, também acusada de promover a violência na onda de protestos.
Mortos chegam a 31
Nesta quinta-feira (20/03), a promotora geral do Ministério Público venezuelano informou em seu programa de rádio que 31 pessoas morreram durante ações violência desde o início dos protestos, segundo o site Noticias 24. O número de feridos é de 461, dos quais 143 são funcionários da polícia ou militares. Ainda segundo a promotora, 1.845 pessoas foram detidas e apresentadas a tribunais, mas somente 121 estão privadas de liberdade.
Comentários