JORNALISTA DO THE GUARDIAN QUE ESTEVE NA VENEZUELA QUALIFICA O CONFLITO COMO “UMA REVOLTA DOS RICOS”
Por: Theclinic.cl – reproduzido do portal venezuelano Aporrea.org, de 21/03/2014
O jornalista Mark Weisbrot foi enviado a Caracas pelo
prestigioso jornal inglês logo que começaram os protestos na Venezuela. Lá, segundo
escreve numa crônica publicada na edição de quinta-feira (dia 20) do The
Guardian, foi se distanciando da percepção que trazia do seu país, modelada “pelos
principais meios de comunicação”.
Ao regressar, as conclusões de Waisbrot a respeito da situação venezuelana eram claras: aceita ter sido enganado pelas imagens midiáticas e se convence de que as revoltas são financiadas pelos ricos de Caracas e incitadas pelo Departamento de Estado norte-americano.
Ao regressar, as conclusões de Waisbrot a respeito da situação venezuelana eram claras: aceita ter sido enganado pelas imagens midiáticas e se convence de que as revoltas são financiadas pelos ricos de Caracas e incitadas pelo Departamento de Estado norte-americano.
“Imagens forjam a realidade, a concessão de um poder da
televisão e inclusive fotografias fixas podem se introjetar profundamente na consciência
das pessoas sem que elas o saibam. Pensei que eu também era imune às representações
repetitivas da Venezuela como um Estado falido em meio duma rebelião popular. Mas
eu não estava preparado para o que vi em Caracas este mês: pouco da vida
cotidiana parecia estar afetada pelos protestos, a normalidade se impunha na
grande maioria da cidade. Eu, também, havia sido enganado pelas imagens midiáticas”,
assim começa a crônica do jornalista Mark Weisbrot intitulada “A verdade sobre
a Venezuela: uma revolta dos ricos, não uma ‘campanha de terror’.
A crônica escrita para o jornal The Guardian continua: “Os principais meios de comunicação já informaram que os pobres da Venezuela não se uniram aos protestos da oposição de direita, mas isso é um eufemismo: não se trata somente dos pobres que estão em abstinência, em Caracas quase todo o mundo, com exceção de umas poucas áreas ricas como Altamira, onde pequenos grupos de manifestantes participam de batalhas noturnas com as forças de segurança, atirando pedras e bombas incendiárias e correndo dos gases lacrimogêneos”.
Weisbrot aterrissou em Caracas no mês de fevereiro, quando se iniciou o conflito classificado de crise pela imprensa do mundo e permaneceu ali um par de semanas, percorrendo as ruas, tomando o transporte público, observando os movimentos do chavismo e da oposição de direita.
“A natureza de classe desta luta foi sempre crua e iniludível, agora mais do que nunca. Ao passar pela multidão que se apresentou em 5 de março nas cerimônias para comemorar o aniversário da morte de Chávez, era um mar de operários venezuelanos, dezenas de milhares deles. Não havia roupa cara ou sapatos de 300 dólares. Que contraste com as massas descontentes de Los Palos Grandes (zona Leste de Caracas), com jeeps Cherokee de 40.000 dólares com o adesivo do momento: SOS VENEZUELA”, relata o jornalista inglês.
Em seguida indaga sobre o papel dos Estados Unidos no assunto. “A retórica ‘campanha de terror’ de Kerry é igualmente divorciada da realidade; aqui está a verdade sobre as acusações de Kerry : desde que começaram os protestos na Venezuela, parece que morreram mais pessoas pelas mãos dos manifestantes do que pelas forças de segurança. De acordo com as mortes reportadas pelo CEPR (Center for Economic and Policy Research) no último mês, ademais dos que morreram quando cuidavam de eliminar as barricadas - incluindo um motociclista decapitado por um cabo estendido através da via – e cinco agentes da Guarda Nacional foram assassinados”.
Waisbrot também fala sobre a realidade econômica na Venezuela: “Talvez Kerry acredite que a economia venezuelana vai entrar em colapso e que trará alguns dos não ricos venezuelanos às ruas contra o governo. Porém, na realidade, a situação econômica se estabiliza – a inflação mensal foi reduzida em fevereiro e o dólar no mercado negro caiu fortemente; o governo está introduzindo um novo tipo de câmbio baseado no mercado”.
Finalmente o jornalista do The Guardian lança uma sentença após sua estadia em Caracas: “A oposição então provavelmente perderá as eleições parlamentares, já que perderam todas as eleições nos últimos 15 anos (NT: Na verdade, dentre as 19 eleições a oposição ganhou uma). Mas sua estratégia insurrecional atual não está ajudando a sua própria causa : parece ter dividido a oposição e unido os chavistas. O único lugar onde a oposição parece estar obtendo um amplo apoio é Washington”, culmina a crônica.
A crônica escrita para o jornal The Guardian continua: “Os principais meios de comunicação já informaram que os pobres da Venezuela não se uniram aos protestos da oposição de direita, mas isso é um eufemismo: não se trata somente dos pobres que estão em abstinência, em Caracas quase todo o mundo, com exceção de umas poucas áreas ricas como Altamira, onde pequenos grupos de manifestantes participam de batalhas noturnas com as forças de segurança, atirando pedras e bombas incendiárias e correndo dos gases lacrimogêneos”.
Weisbrot aterrissou em Caracas no mês de fevereiro, quando se iniciou o conflito classificado de crise pela imprensa do mundo e permaneceu ali um par de semanas, percorrendo as ruas, tomando o transporte público, observando os movimentos do chavismo e da oposição de direita.
“A natureza de classe desta luta foi sempre crua e iniludível, agora mais do que nunca. Ao passar pela multidão que se apresentou em 5 de março nas cerimônias para comemorar o aniversário da morte de Chávez, era um mar de operários venezuelanos, dezenas de milhares deles. Não havia roupa cara ou sapatos de 300 dólares. Que contraste com as massas descontentes de Los Palos Grandes (zona Leste de Caracas), com jeeps Cherokee de 40.000 dólares com o adesivo do momento: SOS VENEZUELA”, relata o jornalista inglês.
Em seguida indaga sobre o papel dos Estados Unidos no assunto. “A retórica ‘campanha de terror’ de Kerry é igualmente divorciada da realidade; aqui está a verdade sobre as acusações de Kerry : desde que começaram os protestos na Venezuela, parece que morreram mais pessoas pelas mãos dos manifestantes do que pelas forças de segurança. De acordo com as mortes reportadas pelo CEPR (Center for Economic and Policy Research) no último mês, ademais dos que morreram quando cuidavam de eliminar as barricadas - incluindo um motociclista decapitado por um cabo estendido através da via – e cinco agentes da Guarda Nacional foram assassinados”.
Waisbrot também fala sobre a realidade econômica na Venezuela: “Talvez Kerry acredite que a economia venezuelana vai entrar em colapso e que trará alguns dos não ricos venezuelanos às ruas contra o governo. Porém, na realidade, a situação econômica se estabiliza – a inflação mensal foi reduzida em fevereiro e o dólar no mercado negro caiu fortemente; o governo está introduzindo um novo tipo de câmbio baseado no mercado”.
Finalmente o jornalista do The Guardian lança uma sentença após sua estadia em Caracas: “A oposição então provavelmente perderá as eleições parlamentares, já que perderam todas as eleições nos últimos 15 anos (NT: Na verdade, dentre as 19 eleições a oposição ganhou uma). Mas sua estratégia insurrecional atual não está ajudando a sua própria causa : parece ter dividido a oposição e unido os chavistas. O único lugar onde a oposição parece estar obtendo um amplo apoio é Washington”, culmina a crônica.
Tradução:
Jadson Oliveira
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http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/mar/20/venezuela-revolt-truth-not-terror-campaign