Jornalista e radialista esportivo Victor Hugo Morales (é uruguaio, mas vive na Argentina) (Foto: Página/12) |
Novo programa da Telesur (TV Telesul),
“Voces de cambio” (Vozes da mudança), com Victor Hugo Morales
Por Emanuel Respighi, matéria do jornal argentino Página/12, edição de hoje, dia 23
Olhar a América
Latina com olhos próprios, para poder compreender o passado, o presente e o
futuro duma região que assume sua identidade a partir de suas diversas matizes.
É disso que se trata, justamente, “Voces de cambio” (Vozes da Mudança), o
programa jornalístico que hoje, às 21:30 horas, estreia através da tela da
Telesur (Telesul), a cadeia de TV que desde a sua criação se converteu no espelho
não deformado dos processos sociais, políticos e esportivos deste lado do
mundo. O ciclo, que poderá ser visto em toda a região, será apresentado por
Víctor Hugo Morales, que desta forma poderá levar seus olhar sobre o mundo a
todos os lares latino-americanos. A maneira de pensar a “pátria grande” a que
se propõe “Voces de cambio”, de todas as maneiras, é através de reconhecidas vozes
do dia-a-dia cultural, político e social da América Latina, as quais em cada programa
vão compartilhar seu pensamento sobre uma temática diferente.
O primeiro
programa de “Voces de cambio” girará em torno “das novas formas de tentativas
de golpe na região”. Através de informes e material de arquivo, Morales
mostrará as “forças invisíveis” que acossam as democracias populares da América
Latina. Sob a hipótese de que a partir de certos setores da sociedade se tenta
quebrar a política progressista que se destacou na região na última década, por
meio de ferramentas silenciosas como o mercado ou os meios de comunicação, o
programa desta noite contará com entrevistas do vice-presidente da Bolívia, Álvaro
García Linera, e de Hebe de Bonafini, titular da Associação Mães da Praça de
Maio (da Argentina). “Voces de cambio” terá 52
emissões ao longo do ano. Cada domingo será analisada uma problemática diferente mas comum a toda a
região, que vai de “Recursos e soberania” até “As migrações: “buitres versus
golondrinas” (ação predatória dos conglomerados financeiros), passando por “A
liberdade contra a democracia”. O economista Bernardo Kliksberg, o presidente do
Uruguai, José Mujica, e o jornalista Horacio Verbitsky são alguns dos
interlocutores latino-americanos que passarão pelo programa.
A estreia
da proposta jornalística não será o único espaço onde Morales desembarcará na
cadeia informativa. A “Voces de cambio” e aos dois especiais que o jornalista
uruguaio realizou no final de 2013, se somará em alguns meses “De zurda” (de
canhota, de esquerda), o programa esportivo que apresentará junto com Diego
Maradona durante a Copa do Mundo no Brasil. Em formato diário, o ciclo será transmitido
para toda a região a partir de terras cariocas, com a ideia de que as mais
diversas personalidades presentes no evento – tenham ou não relação direta com
o esporte – se sentem para falar sobre futebol e outros temas cada noite que
haja jogo. Está havendo, inclusive, negociações para que o “De zurda” possa ser
retransmitido a nível local pela tela do Canal 7 (TV Pública da Argentina).
Tradução: Jadson Oliveira
Observação do Evidentemente:
Brasileiros privados da Telesur
É pena
que os brasileiros não disponham da retransmissão da Telesur, que tem sede na
Venezuela e cobre os fatos com um olhar apegado à defesa dos interesses
políticos, ideológicos, econômicos e culturais da América Latina.
É uma
falha notável dos governos de Lula e Dilma, que não conseguiram (ou não quiseram,
ou não se esforçaram o suficiente para) colocar esta importante ferramenta a
serviço do movimento democrático, popular e de esquerda no Brasil, através, por
exemplo, da retransmissão de seus noticiários e outros programas pela TV Brasil.
Seria uma
outra visão fora do pensamento único dos monopólios da mídia hegemônica,
afinados com a direita e os interesses do império estadunidense.
Em 2009,
quando passei uma temporada em Curitiba, assistia telejornais da Telesur, em
português, através da TV pública (estatal) do estado do Paraná. Mas na época o
governador era Roberto Requião, hoje senador, um político de posições nacionalistas
e progressistas, apesar de filiado ao monstrengo chamado PMDB.
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