GILBERTO CARVALHO: “O DEBATE SOBRE A DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA É IRREVERSÍVEL”



Gilberto Carvalho: “Sabemos que haverá manifestações durante a Copa do Mundo, mas têm que ser sem violência” (Foto: Página/12)

Em entrevista ao jornal Página/12, o secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, analisa as razões que levam os jovens para as ruas; fala dos rolezinhos nos shoppings, das manifestações contra a Copa, da eleição presidencial e da democratização da mídia.

“Acredito que o debate sobre a democratização da mídia é irreversível, e que o monopólio absoluto da informação já começou a ser relativizado. Está sendo quebrado através da contrainformação nas redes sociais, nos blogs”.

Por Darío Pignotti/Página 12 – reproduzido do portal Carta Maior, de 12/02/2014, com o título “Gilberto Carvalho: Temos que disputar sonhos da juventude com o shopping center” (o título acima é deste blog)

“A polícia foi formada ideologicamente para ver os manifestantes que protestam contra a Copa como se fossem inimigos contra quem se deve disparar balas de borracha. Sabemos que, de fato, a polícia jogou gasolina no fogo das manifestações, aumentando a indignação da população. Isso aconteceu em junho do ano passado durante a Copa das Confederações, e neste ano nos rolezinhos dos adolescentes que foram em grandes grupos aos shoppings. É uma concepção de segurança herdada da ditadura e que precisa ser superada”.

A afirmação pertence a um dos ministros centrais do governo brasileiro, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, considerado nos meios políticos como o principal elo entre o ciclo Lula (sob cuja presidência trabalhou por oito anos) e o atual, da Presidenta Dilma Rousseff. “O Estado brasileiro foi montado pelas elites para proteger sua acumulação e reprodução da riqueza, e o aparato de segurança foi montado para conter aqueles que se opuserem a esse processo de acumulação econômica”, observa. A seguir, sua entrevista:

Ministro, para onde esse fenômeno vai evoluir?

É muito difícil prever, acredito que esses jovem estejam no centro de uma disputa ideológica e política que suscita um desafio para o nosso projeto, que foi exitoso ao proporcionar um futuro para esses jovens ao derrubar os muros e permitir que vão em multidões aos shoppings, em ter gerado novos consumidores, mas aí começa a batalha cultural.

Esses jovens estão cativados por valores do consumo, do exibicionismo, alguns entram em lojas de marcas caras não para comprar, apenas para provar, tirar fotos e mostrar no Facebook. Seus valores são parecidos com aqueles mostrados na televisão e nosso desafio é disputar essa hegemonia, propondo a solidariedade, a paz, o respeito à mulher.

Temos que ser capazes de oferecer a eles um projeto que desperte novos sonhos. Nós ganhamos as eleições de 2002, 2006 e de 2010, agora temos que repensar o esgotamento de nossas propostas para torná-las novamente atrativas para a população.

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