CUBA: O QUE SE SENTE SENDO “OS FILHOS DO CHE?”




Aleida Guevara, filha do Che (Foto: Página;12)
Fala Aleida Guevara, médica cubana filha de Ernesto Che Guevara, o “guerrilheiro heróico”, como é exaltado em Cuba:

(Extraído de matéria do jornal argentino Página/12, edição de 17/09/2013)

“E o que se sente levar nas costas o legado histórico dum ícone da Revolução?”, lhe perguntaram. “Meus irmãos responderão por eles mesmos, ainda que eles deem risada e digam que eu seja a porta-voz da família. Na adolescência, para meus irmãos homens, pode ter sido difícil porque havia como três grupos de pessoas em Cuba: nós éramos meninos cubanos e como tais nos tratavam, não importava o sobrenome. Esses eram os melhores. Depois, havia outro grupo e, como éramos os filhos do Che, e meu papai não estava, então nos tratavam como ‘pobrezinhos, temos que protegê-los’. E outros diziam que, como éramos os filhos do Che, tínhamos que ser os melhores, os mais combativos, os mais revolucionários.”

“Então – prosseguiu –, minha mãe foi um bastião muito importante e nos ensinou algo que foi muito bom: ‘Vocês durante toda sua vida vão receber muitas coisas por serem os filhos dum homem que este povo ama. No entanto, muitas dessas coisas vocês não vão ganhar por mérito próprio, então têm que deixá-las passar. Tenham os pés bem firmes no chão, recebam tudo, mas deixem passar o que vocês não ganharam por si mesmos’. E isso aprendemos a fazer muito bem. Mas também vivemos no seio dum povo que nos permitiu que sejamos nós mesmos. Não nos afligiu com os nomes nem com os sobrenomes, simplesmente nos permitiu florescer como seres humanos. Por isso sempre digo que para mim não é tão importante ser ‘a filha do Che’, eu o admiro, o respeito e o amo. Mas o importante é ser filha dum povo que me permitiu ser eu mesma como pessoa. Tivemos as mesmas carências e as mesmas felicidades como nosso povo. Somos mulheres e homens do povo. Mas temos um grande compromisso, porque quando você recebe tanto amor desde que nasce... pois bem, tem o compromisso de devolvê-lo. E é nisso que estamos.”

Tradução: Jadson Oliveira

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