AUTOR DE LA CAJITA INFELIZ: “FIZ UM LIVRO MILITANTE”



(Fotos: Internet)
Entrevista com o historiador argentino Eduardo Sartelli (foto), que escreveu “La Cajita Infeliz – Un viaje marxista a través del capitalismo”, livro que foi récorde de vendas numa recente Feira Internacional do Livro na Venezuela. Fala de sua posição marxista. Diz que no país, hoje, se olha mais à esquerda. 

Ainda sobre a Venezuela: “Há um público muito mais inclinado a escutar a crítica ao capitalismo que em outros lugares”.

Sobre a Argentina: “A mesma sociedade que aprovou o “matrimonio igualitario” (casamento gay) é a mesma que não termina de digerir a discussão sobre o aborto. A mesma que pede mais rigor contra a insegurança é a que se escandaliza se ocorre algum episódio repressivo demasiado evidente”.

“Ainda que a mais revolucionária das revoluções tenha pela frente uma longuíssima tarefa de reeducação, nessa tarefa de longo prazo quis imprimir La cajita...”

Por Leandro Filozof, de 30/05/2012 (postei ontem, dia 5, neste meu blog Evidentemente matéria sobre o livro)
O historiador e integrante do comitê editorial de Razón y Revolución e El Aromo, Eduardo Sartelli, representou, em março deste ano (2012), a Argentina na oitava Feira Internacional do Livro da Venezuela. Nesse país, seu livro La cajita infeliz, publicado na Argentina em 2005, foi récorde de vendas no ano passado.
– Por que acha que o livro vendeu tanto na Venezuela?

– Há um público muito mais inclinado a escutar a crítica ao capitalismo que em outros lugares. E por outro lado, se bem seja um livro de leitura geral que serve a qualquer pessoa que queira compreender um mínimo de coisas elementares, tem muita utilidade para os militantes. Ajuda a organizar um discurso e ordenar dados. Tem a virtude de ser muito útil na hora de apresentar cursos e oficinas com a população menos escolarizada, a população que não tenha, sequer, a instrução secundária.

– Quando escreveu o livro, pensou que poderia ser utilizado dessa maneira?

– Está pensado como um texto quase literário. É para um público em geral, mas sobretudo o ordenamento e a sequência de conceitos são, quase, como num manual, sem adotar essa forma que me parece pesada e pouco pedagógica. Boa parte do que se diz se pode extrair de conceitos clássicos do marxismo, mas se fala de filmes que a gente viu, de séries de televisão, da experiência cotidiana e, portanto, não tem essa forma de coisa passada como acontece com os livros do século 19.
– Quanto influi na venda dum livro com esta temática o contexto político do país?

– O clima político influi e muito. Na Venezuela isso é muito claro. Na verdade tenho uma oferta de pensar uma edição espanhola e a influência da crise econômica e política é clara. La cajita... é um livro militante que interpela a realidade, é um livro que de alguma maneira ajuda a definir posições.

– Qual seria o clima político hoje na Argentina? 

– Se se compara a última década com os anos noventa, a sociedade está muito à esquerda, mudou muito a base geral do pensamento. Nos anos 90 o universo mental era neoliberal extremo. Na atualidade, mesmo havendo todo um discurso conservador e reacionário e muito direitista com poderosos meios de comunicação a seu serviço, não se pode negar que a maior parte da população olha mais à esquerda do que à direita. De todo modo, há um ambiente contraditório.

– Por que?

– A mesma sociedade que aprovou o “matrimonio igualitario” (casamento gay) é a mesma que não termina de digerir a discussão sobre o aborto. A mesma que pede mais rigor contra a insegurança é a que se escandaliza se ocorre algum episódio repressivo demasiado evidente. De qualquer forma, há uma evolução. Ainda que a mais revolucionária das revoluções tenha pela frente uma longuíssima tarefa de reeducação. Nessa tarefa de longo prazo quis imprimir La cajita...

– A que se deve a escolha do título?

–Entre outras coisas, que se explicam na introdução, me pareceu uma boa metáfora da sociedade capitalista, que é cruel e parece toda poderosa mas no fundo é muito frágil. Quando ela é observada de perto tem rachaduras por todos os lados, o problema é que em geral não são fáceis de serem percebidas, mas não é tão difícil mudar o mundo e vencer o capitalismo.

Tradução: Jadson Oliveira

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