(Ilustração: Página/12) |
O balanço dos números fechados
agora no final de 2013 já bate nos 520 condenados e 927 presos, todos
envolvidos em sequestros, torturas, assassinatos, desaparecimentos e roubo de
bebês durante o terrorismo de Estado.
Há 272 civis atualmente
envolvidos em julgamentos; dentre eles, ficaram imputados 53 do meio judicial,
incluindo aí 32 juízes na fila para se sentarem no banco dos réus (até agora
existe apenas um juiz condenado).
De Salvador (Bahia) – Outro dia falei aqui neste meu
blog que “mais de 400” envolvidos na repressão da última ditadura argentina
(1976-1983) já tinham sido condenados pela Justiça. Pois bem. O balanço dos
números fechados agora no final de 2013 já bate nos 520 condenados e 927
presos, todos envolvidos em sequestros, torturas, assassinatos,
desaparecimentos e roubo de bebês (nascidos na prisão ou levados com os pais e
entregues a outras famílias) durante o terrorismo de Estado.
O balanço,
baseado nas estatísticas da Procuradoria de Crimes contra a Humanidade da
Argentina, consta de vasto material publicado na edição do último dia 2 do
jornal Página/12, assinado por Alejandra Dandan.
Na
manchete da primeira página, o excelente diário argentino destaca o avanço dos
processos judiciais contra os repressores civis, especialmente juízes e outros
servidores do Poder Judiciário. Isto porque, ao contrário do que acontece em
países como o Brasil, por exemplo, as prisões e condenações de militares e
policiais já se tornaram mais ou menos corriqueiras, desde que, a partir de 2003,
o governo argentino, presidido por Néstor Kirchner, e o movimento democrático e
popular turbinaram a pressão no sentido da Verdade e Justiça, ou seja, rumo à
apuração e punição dos crimes de lesa humanidade.
Nos
últimos anos a pressão incidiu não somente para que os julgamentos chegassem à
fase final (transitado em julgado, lá eles falam “sentença firme”), mas também
para que ampliassem seu raio de ação e atingissem setores até então “preservados”,
como os cúmplices e beneficiários da ditadura incrustados no Poder Judiciário,
na Igreja Católica e na oligarquia empresarial, em especial nos monopólios da
imprensa hegemônica (aí, com grande destaque para o Grupo Clarín, a Globo de
lá). Inclui-se também a área dos serviços de saúde, principalmente médicos
envolvidos no roubo de bebês.
O avanço,
já visível do ponto de vista quantitativo entre os delinqüentes militares e
policiais, se qualificou agora nos números do ano de 2013 no que se refere aos
civis, particularmente entre membros da Justiça: há 272 civis atualmente
envolvidos em julgamentos; dentre eles, ficaram imputados 53 do meio judicial,
incluindo aí 32 juízes na fila para se sentarem no banco dos réus (até agora
existe apenas um juiz condenado).
Outros
dados do balanço de 2013: o universo total dos imputados em diversos processos
chega a 2.335, segundo o Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS); detalhando
os dados da Procuradoria: os detidos passaram de 593 em 2011 a 813 em 2012 e agora são
927 em 2013; o número de 520 condenados representa 142 a mais do que em 2012, o
que significa um aumento de 27%.
(Veja nota postada
logo abaixo, em espanhol, “conjugada” com o material geral publicado no Página/12)
Comentários