O candidato da Arena, Norman Quijano, no encerramento da campanha do partido opositor, em Ahuachapan, El Salvador (Foto: EFE/Opera Mundi) |
As temáticas da insegurança, violência e militarização da sociedade têm caracterizado o discurso da oposição
Por Giorgio Trucchi, de San Salvador, no portal Opera Mundi, de 29/01/2014
O recente pedido do presidente Mauricio Funes ao Ministério Público, requisitando uma investigação oficial sobre a existência de uma estrutura ilegal de inteligência do partido Arena (Aliança Republicana Nacionalista), denominada Ômega, e sua possível relação com o aumento da atividade criminosa no país ― para dar mais sustentação à campanha de insegurança e medo promovida por esse partido ―, sacudiu com força o processo eleitoral salvadorenho.
(A eleição é no próximo domingo, dia 2, e o candidato do governo é o atual vice-presidente, ex-comandante guerrilheiro, Salvador Sánchez Cerén, da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, FMLN, movimento de guerrilha que virou partido político. Ele vem liderando na maioria das pesquisas).
De fato, durante as últimas semanas, as temáticas da insegurança, violência e a militarização da sociedade pública têm caracterizado a campanha do Arena, acentuando a demonização da “trégua entre quadrilhas”, assinada em março de 2012, na qual a administração Funes desempenhou um papel importante de facilitadora.
A mudança da mensagem do candidato do Arena, o ex-prefeito de San Salvador, Norman Quijano, foi repentina e com tons praticamente idênticos aos usados, em novembro passado, pelo candidato governista hondurenho, Juan Orlando Hernández, o que não deixa de criar suspeitas sobre uma possível supervisão do assessor político venezuelano, Juan José Rendón.
De fato, se revisando os dados dos últimos anos, é evidente que algo estranho está acontecendo. Desde que se promoveu a “trégua”, El Salvador conseguiu reduzir pela metade, de 12 a 6, a média de homicídios diários, ficando muito abaixo da média de Honduras e Guatemala, que fecharam 2013 com 17 e 15 homicídios diários, respectivamente. Segundo dados da PCN (Polícia Nacional Civil), no ano passado foram registradas 2490 mortes violentas, 1864 menos que em 2011, motivo pelo qual El Salvador passou de 76,3 mortes violentas a cada 100 mil habitantes, em 2011, para 42 a cada 100 mil habitantes no ano passado.
Para Maria Silvia Guillen, diretora-executiva da FESPAD (Fundação de Estudos para a Aplicação do Direito), o aumento acelerado dos homicídios, registrado durante as últimas semanas, poderia estar relacionado a uma estratégia de terror, promovida a partir dos setores da direita salvadorenha, para fazer a população acreditar que o atual governo não tem a capacidade de resolver o problema, e que a única solução é a militarização do país.
Para ler a entrevista com Maria Silvia Guillen, no Opera Mundi:
Comentários