Mujica anunciou que vai ficar em Cuba depois da cúpula para ajudar a Colômbia (Foto: EFE/Página/12) |
Diálogo de Mujica com Santos e as
FARC: Mujica viajou na segunda-feira, dia 27, a Cuba para participar da segunda
cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). “Quero
que sintam o incentivo moral de que a causa na qual estão metidos merece todo o
respaldo”, afirmou.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de 24/01/2014
O
presidente do Uruguai, José Mujica, planeja reunir-se na próxima semana (nesta
semana iniciada dia 26) em Havana com seu colega colombiano, Juan Manuel
Santos, e representantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)
para acelerar as negociações de paz, segundo anunciou ontem (dia 23) o próprio
Mujica. Ele viajará na segunda-feira (dia 27) a Cuba para participar da segunda
cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). “Vou ficar
uns dias depois do encontro e vou falar com o presidente Juan Manuel Santos e
com as FARC”, disse Mujica ao semanário Búsqueda
(Busca). “Quero continuar ajudando novamente e, concretamente, para que se
acelere o processo de negociação e sintam o incentivo moral de que a causa na
qual estão metidos merece sem dúvida alguma todo o respaldo. Nunca antes, desde
que começou esse enfrentamento, há 50 anos, se esteve tão perto de se concretizar
a paz. Este é um objetivo superior e merece todo o apoio”, reafirmou o
presidente. O negociador guerrilheiro Andrés París, cujo nome legal é Jesús
Emilio Carvajalino, indicou que caso ocorra o pedido de encontro por parte de
Mujica há disposição dos rebeldes para que ele se realize.
Não é a primeira vez que o mandatário uruguaio, um ex-tupamaro de 78 anos, se oferece para colaborar no processo de paz colombiano. No final de julho último, durante uma visita à capital cubana, ele se reuniu com delegados das FARC que participam das negociações e mais tarde o fez com Santos, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque. O presidente ofereceu então o Uruguai como sede para um eventual diálogo entre o governo colombiano e a segunda guerrilha do país, o Exército de Libertação Nacional (ELN). Em agosto, Mujica disse que o Mercosul como bloco devia apoiar o processo de paz na Colômbia e assinalou que não se podia ser neutro diante do fenômeno porque era uma causa comum. O governo de Santos e as FARC, o maior grupo guerrilheiro colombiano, iniciaram em novembro de 2012 as conversações de paz em Havana, com o objetivo de por um ponto final no conflito armado que já leva mais de meio século. Até o momento ambas as partes conseguiram consenso em dois dos seis pontos da agenda: a participação política das FARC e a reforma agrária.
No entanto, as partes suspenderam ontem (dia 23) temporariamente o diálogo após fechar o 19º. ciclo de conversações sem conseguir chegar a um acordo sobre o combate ao narcotráfico. De maneira incomum, nem as autoridades governamentais nem a guerrilha produziram um comunicado conjunto, ainda que tenham assegurado que regressarão à mesa no próximo 3 de fevereiro. O plano apresentado pelas FARC promove o reconhecimento e o estímulo dos usos benéficos da folha de coca, da maconha e da papoula (“amapola” em espanhol), além da produção e processamento artesanais. Outro ponto é a regulação estatal da produção e do mercado, enquanto que uma última proposta trata da proteção das práticas ancestrais dos povos e comunidades indígenas, segundo assinalaram as FARC através dum comunicado.
Continua em espanhol:
El grupo insurgente aseguró que las propuestas se basan (se baseiam) en los estudios académicos e investigaciones científicas así como en el conocimiento atávico de los pueblos originarios que demostraron dichas cualidades. En atención a esos beneficios se propone implementar una política dirigida y regulada por el Estado con participación de las comunidades productoras, campesinas, indígenas y afrodescendientes, destacó.
Pero (Mas) el gobierno de Santos no hizo referencia a la propuesta de las FARC. De hecho (De fato), la delegación colombiana, que encabeza Humberto de la Calle, evitó formular declaraciones a la prensa como es habitual. La organización guerrillera no disimuló su malestar por los comentarios realizados por Santos sobre las operaciones militares en marcha y el supuesto comportamiento ambiguo de la insurgencia. “Las recientes declaraciones de Juan Manuel Santos en Europa son un delirio lleno de jactancias”, dijo el comandante de las FARC Iván Márquez, cuyo nombre real es Luciano Marín Arango. “No se puede distorsionar (distorcer) la realidad creyendo que es correcto escalar la guerra como si no hubiese conversaciones, o (ou) que se pueda adelantar un diálogo simulando que el país no está sufriendo los estragos de la confrontación”, agregó.
Las FARC se referían a la ofensiva llevada adelante por el Ejército colombiano en las últimas semanas. El ministro de Defensa, Juan Carlos Pinzón, hizo ayer (fez ontem) un balance de la ofensiva desplegada por la fuerza pública en los últimos cuatro días en varios lugares de Colombia y resaltó que el balance en las filas de las FARC es de 27 guerrilleros muertos. Del total de guerrilleros fallecidos, 14 cayeron en un bombardeo contra la Columna Móvil Alfonso Castellanos en Arauca (Este), siete integrantes de las columnas móviles Héroes de Marquetalia y Alfredo González perdieron la vida en el Tolima (Sur) y cinco más del Frente Séptimo murieron en el Meta (centro).
Pese a que los enfrentamientos no se detienen mientras (enquanto) se llevan a cabo las negociaciones, Santos reconoció que las FARC tienen voluntad para llegar a un acuerdo de paz. “He encontrado en la contraparte de las FARC voluntad para llegar a acuerdos y ojalá lleguemos lo antes posible a ese acuerdo para ahorrar vidas (preservar vidas)”, precisó el mandatario. En otra entrevista con el diario español El País, afirmó que se imagina a representantes de las FARC sentados en el Congreso y que está satisfecho de lo alcanzado hasta ahora en las negociaciones. Además, señaló que en estos momentos hay una dinámica de progreso que debe ser aprovechada, si bien reconoció que no cree que sea posible un acuerdo antes de las elecciones de mayo de este año.
Tradução: Jadson Oliveira
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