CHILE: PRESOS ENVENENADORES DA DITADURA PINOCHETISTA



Ex-presidente Eduardo Frei, aparente alvo de envenenamento com uma toxina trazida do Brasil (Foto: Página/12)
Dois médicos militares e dois oficiais reformados foram detidos sob a acusação de intoxicar presos políticos: a mesma equipe de envenenadores é investigada pela morte do ex-presidente Eduardo Frei, ocorrida semanas depois, em janeiro de 1982, na Clínica Santa María. Suspeitosamente, Neruda faleceu na mesma clínica.

Matéria do jornal argentino Página/12, edição de 25/01/2014

A Justiça chilena deteve quatro militares acusados de envenenar com toxinas botulínicas presos políticos em 1981, operação considerada a ante-sala do assassinato do ex-presidente Eduardo Frei. “Estão processados e com detenção preventiva o médico militar Eduardo Arriagada, seu assistente e veterinário Sergio Rosende, e os oficiais reformados Joaquín Larraín e Jaime Fuenzalida”, disse o advogado Francisco Ugas, do Ministério do Interior. Os dois primeiros repressores estão detidos sob a acusação de homicídio dos opositores e militantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR – “I” de Izquierda) Víctor Corvalán e Héctor Pacheco. Os outros dois como cúmplices do assassinato frustrado de outros cinco presos políticos.

A investigação do juiz Alejandro Madrid indicou que em 9 de dezembro de 1981 as sete vítimas, supostos opositores da ditadura de Augusto Pinochet, foram trasladadas do Centro de Detenção Preventiva de Santiago, onde estavam detidos por delitos comuns, a um hospital, devido a sérios problemas de saúde por causa duma intoxicação produzida pela denominada toxina botulínica. Dita toxina foi trazida do Brasil para o Chile pelo Instituto de Saúde Pública e, posteriormente, entregue aos encarregados dum laboratório secreto a cargo da Direção de Inteligência do Exército (DINE), conforme a investigação.

A mesma equipe que figura nesta ação repressiva é investigada pela morte de Frei, ocorrida semanas depois, em janeiro de 1982, na Clínica Santa María, após uma operação. Alguns destes suspeitos são apontados também como responsáveis pela morte do poeta Pablo Neruda, que faleceu na mesma clínica. “Isto é muito importante”, disse o advogado Eduardo Contreras, litigante no caso Neruda. “E não detiveram Sergio Draper?”, inquiriu em alusão ao médico que atendeu Neruda e Frei.

Os detidos, que foram transferidos a um regimento, constituíam a equipe que na ditadura transportou armas químicas do Brasil para o Chile, com fins de “guerra interna” e externa, como eles mesmos confessaram à polícia. Estas armas de destruição massiva, que chegavam primeiro ao próprio palácio presidencial La Moneda, eram basicamente toxinas botulínicas, um veneno mortal. A operação, segundo declarações à polícia dos demais envolvidos, começou em inícios de 1980, antes do envenenamento dos presos políticos e da morte de Frei, em cujos restos foram encontrados gás “mostaza” e “talio”.

Continua em espanhol:

El propio director del Instituto de Salud Pública (ISP) en esos años, el coronel Joaquín Larraín, reconoció a la policía civil en un texto con su firma que la adquisición de armas químicas comenzó luego de una reunión con el médico Eduardo Arriagada Rehren, de inteligencia militar. En el encuentro, Arriagada preguntó a Larraín, un ex profesor de la Escuela de las Américas, si el ISP tenía toxinas botulínicas, aduciendo que el ejército las necesitaba, debido a las tensiones con países limítrofes, en especial Argentina.

Arriagada, quien estuvo acompañado en el encuentro además por el veterinario Rosende, admitió los hechos también a los investigadores, quienes realizaron las pesquisas por petición del juez Alejandro Madrid. El magistrado, quien lleva años investigando la muerte de Frei y el envenenamiento de presos en la Cárcel Pública de Santiago, debería dictar sentencia en el magnicidio en los próximos meses.

Si bien la detención de los cuatro militares es considerada un logro para esclarecer lo ocurrido durante la dictadura pinochetista, la Corte de Apelaciones de Santiago rebajó ayer las penas a tres de cinco agentes de la dictadura condenados por la desaparición de los hermanos Mario y Nilda Peña Solari, ocurrida a fines de 1974. La resolución de las juezas Dobra Lusic, Adelita Ravanales y María Teresa Figueroa modificó la sentencia de primera instancia, dictada el 30 de marzo de 2012 por el juez especial Joaquín Billard a los autores de los secuestros, ocurridos el 9 y 10 de diciembre de 1974 en la capital chilena.

Los nombres de los hermanos Peña Solari fueron incluidos en 1975 en la llamada Operación Colombo, que consistió en un montaje para encubrir la desaparición de 119 presos políticos, en su mayoría militantes del MIR. Durante la dictadura de Pinochet, según documentos oficiales, unos 2300 chilenos murieron a manos de agentes del Estado y de ellos, 1192 permanecen aún como desaparecidos.

Tradução: Jadson Oliveira

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