ENTREVISTA COM ATILIO BORON
(parte 2)
“As mudanças constitucionais são
necessárias, tal como se deu na Venezuela, Bolívia ou Equador, onde há
plebiscitos e o mandatário pode passar por referendos revogatórios. No Equador,
por exemplo, os programas de governo dos candidatos, quando eleitos, são
tomados como obrigatórios; e se não são cumpridos, abre-se um processo penal
contra o governante”.
“Há que garantir que esses
processos sejam bem organizados, para não cair na violência, que, no caso da
polícia brasileira, levaria a uma repressão brutal”.
Por Diego Diehl, de Buenos Aires (Argentina) – reproduzida do sítio do
jornal Brasil de Fato, com o título
“Nos falta um Brasil com visão continental”, postada em 10/01/2014. (Vai aqui
dividida em quatro partes; a primeira, que contém a introdução, foi publicada
no sábado, dia 11, com o título “Manifestações de junho: o Brasil é um país
desigual”; o título acima é deste blog).
Brasil de
Fato - Diante desses protestos, os movimentos estão propondo a realização de
uma Assembleia Constituinte exclusiva e soberana para fazer uma reforma
política. Que parece ao senhor essa proposta e que impacto ela poderia ter na
conjuntura brasileira e latino-americana?
Atilio
Boron - Para mim, é muito interessante que se construa uma Assembleia
Constituinte. O Brasil precisa dessas modificações na Constituição. Mas a
dúvida é se essas mudanças virão sem processos de mobilização popular. Creio
que sem essa pressão social dificilmente os meios institucionais farão grandes
mudanças, porém há que ser uma pressão organizada, e não anárquica e dispersa,
e que viabilize uma convocatória sem restrições, para não cair na trama que os
setores conservadores impuseram, por exemplo, na Constituinte argentina de
1994, quando não se aceitou discutir uma série de “pilares fundamentais” do
liberalismo clássico. Há que impor uma agenda desde os movimentos sociais, sem
aceitar qualquer tipo de cooptação do governo nessa definição. Minha hipótese é
que qualquer governo, de qualquer espectro político que seja, sem pressão
social, tende a imprimir políticas de direita, pois acaba sendo tomado pela
burocracia interna. Portanto, a reforma política necessária apenas sairá com
forte pressão social e desde baixo.
Com a
reforma política o senhor crê que seria possível destravar as chamadas reformas
estruturais, que não foram feitas em 30 anos de democracia no Brasil?
Veja,
essa Constituinte geraria uma nova Constituição, que ampliaria a democracia tal
como se deu no caso da Venezuela, onde há eleições praticamente todos os anos.
Creio que se algo assim ocorre no Brasil, isso seria muito favorável. Mas
há que discutir se a esquerda teria condições de ganhar as eleições, e depois
implementar um governo que consiga fazer as reformas necessárias.
Para isso
é que as mudanças constitucionais são necessárias, tal como se deu na
Venezuela, Bolívia ou Equador, onde há plebiscitos e o mandatário pode passar
por referendos revogatórios. No Equador, por exemplo, os programas de governo
dos candidatos, quando eleitos, são tomados como obrigatórios; e se não são
cumpridos, abre-se um processo penal contra o governante. No caso do Brasil,
esse tipo de medida poderia ser feito apenas por lei, porém é evidente que com
o atual Congresso uma medida assim não seria aceita.
Então, o
maior problema do Brasil hoje é a enorme dificuldade em mobilizar e organizar a
população, favorecido pela distância territorial, pela debilidade das
organizações etc. Creio, porém, que as coisas não vão seguir por muito tempo
assim, e que as organizações vão reagir no próximo período. Afinal de contas,
não é possível que um país como o Brasil, com enormes riquezas naturais, com a
quantidade de multimilionários, seja o país mais desigual da América Latina! É
um absurdo essa situação! E o que as elites tratam de fazer é promover o
isolamento do Brasil em relação ao resto da América Latina (não há nenhum canal
de televisão de outros países da América Latina que passe no Brasil). (Obs. abaixo)
Porém,
esta muralha está sendo rompida aos poucos, a partir de diversos meios de
comunicação – especialmente a internet, utilizada em grande escala pela
juventude brasileira. Tenho grande esperança nessa juventude, que, inclusive na
periferia, tem ampliado o acesso a esses diferentes meios de comunicação, e
isso é perigosíssimo para as classes dominantes de hoje, assim o era a
alfabetização do trabalhador no início do século XX. Há, ainda, que garantir
que esses processos sejam bem organizados, para não cair na violência, que, no
caso da polícia brasileira, levaria a uma repressão brutal. (Continua)
Observação do Evidentemente: No governo de Roberto Requião (atual senador-PMDB), no Paraná, anos 2007-2010, a TV Educativa do estado retransmitia noticiários da TV Telesur, que é sediada na Venezuela e é propriedade estatal de alguns países da América do Sul. Dá uma visão dos fatos fora do atrelamento ao pensamento único da imprensona da direita que segue a cartilha do império estadunidense.
Os governos de Lula/Dilma nunca tiveram coragem de seguir um exemplo simples como esse do Requião.
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