ATILIO BORON: O QUASE MILAGROSO FORTALECIMENTO DA CELAC E O SONHO DA “PÁTRIA GRANDE!”



O falecido presidente Hugo Chávez no evento que criou oficialmente a Celac, em Caracas, em dezembro de 2011 (Foto: Cubadebate.cu)
Contra todos os prognósticos, a comunidade de países vai se consolidando como instituição “nuestroamericana”

Por Atilio Boron, cientista político argentino – reproduzido do blog Guerrilheiro do Entardecer (que, por sua vez, reproduziu do Opera Mundi), de 26/01/2014

Não é um milagre, mas quase. Contra todos os prognósticos, a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) vai se consolidando como instituição “nuestroamericana” e está a ponto de celebrar em Havana sua segunda cúpula de presidentes (próximos dias 28 e 29 - terça e quarta desta semana). Dizemos “milagre” porque quem poderia ter imaginado, há apenas cinco anos, que o sonho bolivariano de Hugo Chávez – sonho fundando em um impecável diagnóstico da geopolítica mundial – de construir um organismo regional sem a presença dos Estados Unidos e do Canadá, daria frutos?

Ele, Chávez, e aqueles que o acompanharam nessa empreitada patriótica, tiveram que vencer toda a classe de obstáculos: a resignação de alguns governos, a claudicação de outros, o ceticismo dos mais distantes e a sistemática oposição de Washington, dado menor na política de outros países. 

Eppur si muove, diria Galileu, ao contemplar a co-criação desse projeto bolivariano que pela primeira vez na história comum a todas as nações da América Latina e do Caribe com a única exceção – até o momento! – de Porto Rico. Sem dúvidas, o fortalecimento da Celac – como o da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no plano sul-americano – são muitos boas notícias para a causa da emancipação da Pátria Grande.

A Casa Branca tentou primeiro impedir o lançamento da Celac, em dezembro de 2011 em Caracas, com a presença de seu incansável promotor e mentor, já atacado por um câncer que lhe custaria a vida. Ao fracassar em sua tentativa, o império mobilizou seus aliados regionais para abortar – ou pelos menos, adiar para um futuro indefinido – a iniciativa. Tampouco funcionou. A próxima estratégia consistiu na utilização de alguns de seus incondicionais peões na região como cavalos de Tróia, para estragar o projeto desde dentro.
Uma das propostas do segundo encontro da Celac, capitaneada pela Venezuela, é integrar Porto Rico à comunidade (Foto: Agência EFE)
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