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Arnaldo Cardoso Rocha (1949-1973) |
Por Mário Magalhães, de 10/12/2013 (enviado por Otto Filgueiras)
Laudo
pericial inédito concluiu que o militante oposicionista Arnaldo Cardoso
Rocha foi capturado vivo, torturado e executado com um tiro na cabeça
em 1973, quando o Brasil vivia sob a ditadura instaurada em 1964 e que
se estenderia até 1985. À época, a versão das autoridades foi de “morte
em combate”.
O
anúncio será feito na manhã desta quarta-feira (11 de dezembro) em
Brasília, pela ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), na abertura
do Fórum Mundial de Direitos Humanos.
Quatro
meses atrás, o corpo de Arnaldo foi exumado num cemitério de Belo
Horizonte, por iniciativa da Comissão Especial Sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República.
Em
1996, a comissão reconhecera a responsabilidade do Estado no
assassinato do militante, mas não investigara mais profundamente as
circunstâncias da morte. Agora, com acesso ao cadáver, uma equipe de
peritos identificou numerosos sinais de martírio no preso que estava sob
custódia de agentes públicos.
Arnaldo
Cardoso Rocha (1949-1973) era guerrilheiro da Ação Libertadora
Nacional, maior organização armada de oposição à ditadura. Em março de
1973, às vésperas de completar 24 anos, ele foi capturado por uma equipe
do Destacamento de Operações de Informações (DOI), em São Paulo.
Essa
unidade repressiva era comandada pelo então major Carlos Alberto
Brilhante Ustra, hoje coronel reformado. O DOI do II Exército
converteu-se no principal campo de concentração urbano da ditadura, onde
dezenas de presos foram executadas na tortura e tiveram seus corpos
desaparecidos para sempre.
O
médico Marco Aurélio Guimarães coordenou a exumação e um relatório de
antropologia forense, que também será divulgado nesta quarta. Os peritos
criminais Celso Nenevê, Mauro Yared e Pedro Luiz Lemos Cunha, com base
nos ferimentos verificados, reconstituíram a dinâmica do homicídio _nem
mesmo a legislação em vigor na ditadura autorizava tortura e execução de
cidadãos sob custódia do Estado. Em 1973, as autoridades não permitiram
que a família de Arnaldo visse o cadáver, entregue em caixão lacrado.
A
ministra Maria do Rosário encaminhará os laudos ao Ministério Público,
que decidirá se promoverá ação judicial contra os responsáveis pelo
assassinato do militante.
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