Médici, um presidente da ditadura: perdeu (Foto e legenda: Blog do Mário Magalhães) |
De Salvador
(Bahia) – Creio que estavam certos os militantes de esquerda,
considerados mais moderados, que defenderam a instituição da Comissão Nacional
da Verdade, mesmo com todas as suas limitações. Os esquerdistas mais radicais –
entre os quais me incluo – torceram o nariz, porque haja limitação! haja moderação!
Mas, é duro reconhecer, parece que a conciliação está entranhada no DNA da
política e da história brasileiras. Até quando!?
Este nariz de cera aí, como dizem os jornalistas, é para
saudar a troca de nomes de duas escolas: uma na Bahia, que trocou o ditador Médici
pelo lutador popular comunista Marighella; e outra no Rio de Janeiro, que
trocou o ditador Costa e Silva pelo militante do movimento negro Abdias do
Nascimento, justamente hoje, dia 13/dezembro, ao completar 45 anos do tenebroso
AI-5.
É significativo que a reparação histórica se dê envolvendo comunidades de jovens e ambos os que passam a ser homenageados foram inimigos da ditadura. As matérias estão no Blog do Mário Magalhães. Deixo os links aqui: Colégio Presidente Médici decide trocar nome para Colégio CarlosMarighella e No dia dos 45 anos do AI-5,ditador Costa e Silva perde nome em escola.
Outro fato: soube por um amigo que os aspirantes ao
oficialato da Polícia Militar da Bahia, que se formaram ontem, dia 12, na Vila
Militar de Dendezeiros, Cidade Baixa, Salvador, escolheram o nome do professor
baiano Milton Santos – outro perseguido pela ditadura - para designar o nome de
sua turma. São 109 jovens aspirantes que em breve ascenderão à patente de
tenente da PM.
São pequenos passos nesse lento caminhar do movimento
democrático e popular brasileiro.
Me recordo – acho que escrevi sobre isso aqui neste meu
blog – que quando passei uma temporada em Buenos Aires, final de 2010/início de
2011, o pessoal da área da segurança pública do governo de Cristina Kirchner
decidiu substituir todos os nomes de pessoas com algum envolvimento com a
ditadura militar que designavam dependências (pavilhões, auditórios, etc) da
Polícia Federal (lá uma polícia que tem atribuições semelhantes às nossas PMs,
mas subordinada ao governo federal).
No caso da Argentina, muito ao contrário do Brasil, os
passos maiores – as prisões e condenações de torturadores e mandantes - já
estavam sendo dados. Pelos últimos números que acompanho, atualmente já são
mais de 400 condenados pela Justiça e continuam andando vários outros
julgamentos.
Comentários