Os prisioneiros de Guantânamo não têm nada para confessar. Eles não têm nenhum segredo que pode ser descoberto por meio de fazê-los sofrer continuamente. Eles não cometeram nenhum crime que mereça tal punição selvagem. Seus tormentos escondidos não servem a nenhum propósito. Isso é tortura pela tortura, em um pedaço do mundo em que não se aplica nenhum limite moral ou legal.
Por Jeffrey St. Clair, originalmente publicado em Counterpunch (reproduzido do portal Carta Maior, de 10/12/2013)
Passava pouco das cinco da
manhã de um domingo em abril. Os prisioneiros da ala comum do Campo 6 de
Guantánamo acabavam de se reunir para as orações matinais. De repente,
as luzes se apagaram, as portas das celas se fecharam e cilindros de gás
lacrimogêneo irromperam.
Guardas
militares entraram nas celas, disparando munição plástica com escopetas
sobre os detentos amontoados. Três homens caíram no chão, contorcendo-se
de dor depois de terem sido atingidos por munição “não letal”. Os
outros prisioneiros, a maioria já tendo sido liberados para saírem da
prisão, foram forçados a deitarem no chão sob a mira de armas apontadas
para suas cabeças, e mantidos de barriga para baixo pelas três horas
seguintes.
De acordo com oficiais de
Guantánamo, a ação foi iniciada para deter uma rebelião entre os presos,
que haviam colocado lençóis sobre as câmeras de segurança. Mas é mais
provável que o ataque tenha sido uma retaliação contra presos que se
encontram em greve de fome.
O ataque
surpresa ocorreu horas depois de membros da Cruz Vermelha Internacional
terem saído da prisão, por conta de uma investigação sobre denúncias de
maus tratos a detentos que já estão em greve de fome há vinte semanas.
Um
dos presos que sofreu violência física dos guardas naquela manhã foi o
dissidente político marroquino Younous Chekkouri. Chekkouri está preso
em Guantánamo desde 2002. Antes disso, Chekkouri passou cinco meses
preso em Kandahar, onde ele foi capturado ainda nos primeiros movimentos
da guerra do Afeganistão. Em todo esse tempo, Chekkouri não foi acusado
de nenhum crime nem teve direito a defesa para tentar manter sua
liberdade.
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