Por Marcelo Colussi (cientista político argentino radicado na Venezuela), no site Adital - Notícias da América Latina e Caribe, de 27/11/2013
Quando se quer fazer
uma mudança social, deve ter claro que modelo utilizará;
porque é impossível administrar o modelo capitalista somente com espírito patriótico
e com honestidade. O modelo capitalista acaba te engolindo. É como o diabo.
Não se pode rezar missa nas cavernas do diabo, porque ele te engole.
Nicolás Maduro, 2005.
porque é impossível administrar o modelo capitalista somente com espírito patriótico
e com honestidade. O modelo capitalista acaba te engolindo. É como o diabo.
Não se pode rezar missa nas cavernas do diabo, porque ele te engole.
Nicolás Maduro, 2005.
Anos
atrás, em meio à maré neoliberal que se expandia triunfante por todo o mundo,
festejando a extinção do campo socialista europeu, apareceu a figura de Hugo
Chávez. Com todas as limitações do caso e os reparos que podem ser feitos a
partir da esquerda, isso significou uma enorme quota de esperança. Após a longa
noite representada pelas ditaduras sangrentas, que cobriram toda a América
Latina de luto e os planos do capitalismo selvagem que vieram a seguir, o aparecimento
desse militar nacionalista, confusamente anti-imperialista, com um discurso
anticorrupção e com o oferecimento de um novo socialismo, prometia muito.
Desde
sua chegada ao poder na Venezuela, em 1998, muito água correu debaixo da ponte.
Talvez é prematuro fazer um balanço do significado histórico de sua atuação
política de uma década e meia: para a direita –vernácula e internacional- foi
um demônio, um "castro-comunista”, que voltou a atiçar a por ela
anatematizada e pretensamente desaparecida luta de classes. Para a esquerda,
sua obra nunca passou de uma prática reformista e populista, alimentada mais do
que generosamente por um capitalismo rentista baseado na monoprodução
petrolífera, sem perspectiva de transformação revolucionária.
O
certo é que o cenário político venezuelano, mas também o latino-americano e,
inclusive, o internacional, viram-se tocados pela influência desse carismático
líder e pelo sempre impreciso –porém, ao mesmo tempo, promissor e carregado de
esperança- "socialismo do século XXI”.
(...)
Com
as últimas eleições presidenciais, de abril 2013, após a morte de Hugo Chávez,
abriram-se três possíveis cenários: 1) triunfo da direita visceral, com Henrique
Capriles Radonski (com um presumível retrocesso de todos os avanços da
revolução); 2) triunfo do PSUV, com Maduro à cabeça e aprofundamento da
construção do socialismo (ansiado pela esquerda; porém, sem dúvidas, o mais
difícil de se materializar); e 3) triunfo do "herdeiro” de Chávez, com
crescente controle do processo político pela direita bolivariana, a chamada
"boliburguesia” enquistada no aparelho estatal (burocratas novos ricos que
falam com uma linguagem chavista, mas com clara ideologia conservadora).
Lamentavelmente para a causa popular, o terceiro cenário parece ser o que vai
se dando.
(...)
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