Por Antônio David, especial para o Viomundo, de 02/11/2013
Este
artigo só poderá ser compreendido por quem entende a diferença entre justificar e explicar.
O objetivo desses parágrafos não é justificar a ação dos Black Blocs, mas
tentar explicar por que os Black Blocs existem e por que agem como agem. Não
tem por objetivo defender que os Black Blocs estejam certos ou errados, muito
menos que sejam bons ou maus. Se os Black Blocs têm razão ou não têm razão,
deve-se, antes, procurar suas razões, sejam elas justas ou não.
Aqui,
parte-se de um pressuposto: se os Black Blocs ganham cada vez mais corpo e
projeção (é uma hipótese), deve haver razões para tanto, razões que estão
inscritas na sociedade e que, portanto, vão além desse ou daquele indivíduo.
Não se trata aqui de dizer que os Black Blocs não devam ser criticados.
Trata-se de dizer que, para criticar, é preciso antes entender.
(...)
10.
Repleta de limitações, contradições e desvios, a Democracia é uma conquista da
classe trabalhadora. Mas a presença dos Black Blocs, atraindo cada vez mais
adeptos e simpatizantes, é sintoma das limitações da democratização da
sociedade e do Estado no Brasil, no que se inclui a impermeabilidade de um
sistema repressivo herdado da ditadura.
A
sociedade brasileira é recortada de cima a baixo pela violência, uma violência
costumeira e brutal, com a qual nossa Democracia convive bem. Na ausência
de outros meios para fazer frente à violência no sentido de suprimi-la,
criam-se espontaneamente meios (violentos) e com eles se reage (com violência)
à violência sofrida. A estética Black Bloc é, pois, um destes meios.
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