(Foto: Télam/Página/12) |
Jorge
Bergoglio lança um
projeto de “conversão do papado”, propõe a “descentralização” da Igreja e
apresenta o plano da maior reforma feita no Vaticano em pelo menos meio século.
No primeiro documento de seu próprio punho apresentado hoje, o papa Francisco
explica em mais de 200 páginas seu projeto para o futuro da Igreja, lançando
duros ataques contra sacerdotes e denunciando a guerra pelo poder dentro dos
muros da Santa Sé.
“Desejo
dirigir-me aos fieis cristãos para convidá-los a uma nova etapa de
evangelização marcada por esta alegria e indica direções para o caminho da
Igreja nos próximos anos”, escreveu em sua Exortação Apostólica publicada hoje,
o “Evangelii Gaudium” do
Santo Padre Francisco aos Bispos, Presbíteros, Diáconos às pessoas consagradas
e aos fieis laicos sobre o Anuncio do Evangelho no Mundo Atual. “É uma nova
evangelização no mundo de hoje, insistindo nos aspectos positivos e otimismo”,
explicou o cardeal Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifical
para a Nova Evangelização e que admite que o papa é “franco”. “O centro é o
amor”, insistiu. “Sem isso, a Igreja é um castelo de cartas e isso é o
nosso maior perigo”, declarou.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada
pelo jornal O Estado de S. Paulo, 27-11-2013 (reproduzida do sitio do Instituto Humanitas Unisinos)
Em seu
texto, Francisco apela à Igreja a “recuperar a frescura original do
Evangelho”, mas encontrando “novas formas” e “métodos criativos”. “Precisamos
de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como
elas são”.
Uma parte
central de seu trabalho será o de “reformar as estruturas eclesiais” para que
“todas se tornem mais missionárias”.
O recado
é claro: promover uma “saudável descentralização” na Igreja, num gesto inédito
vindo justamente da pessoa que representou por séculos a centralização da
instituição e sempre lutou contra repartir poderes. A esperança é de que as
conferencias episcopais possam contribuir para “o sentido de colegialidade”.
(...)
Economia
Bergoglio ainda destina uma parte
importante de seu texto à situação mundial e não deixa de atacar o modelo
econômico que prevalece. “O atual sistema econômico é injusto pela raiz”,
declarou. “Esta economia mata porque prevalece a lei do mais forte”.
“Os
excluídos não são explorados, mas lixo, sobras”, atacou. “Vivemos uma nova tirania
invisível, por vezes virtual de um mercado divinizado onde reinam a especulação
financeira, corrupção ramificada, evasão fiscal egoísta”. O dinheiro, segundo
ele, deve servir, e não dominar.
(...)
Comentários