O conservadorismo midiático sofreu uma grande derrota com a decisão da Corte Suprema da Argentina, por seis votos a um, considerando constitucional a legislação sobre os meios de comunicação. O Grupo Clarin, que terá de passar adiante boa parte de seus espaços midiáticos, porque a legislação não permite monopólios no setor, tentava desde 2009 na Justiça tornar sem efeito a lei aprovada pelo Congresso depois de pelo menos três anos de discussão pela sociedade. Agora, a decisão não permite mais recursos.
Por Mário Augusto Jakobskind, na Rede Democrática, de 13/11/2013
Poucas horas depois de ser conhecida a
decisão final sobre a questão, a Rede Globo reforçou o linchamento
midiático dos Kirchner. No editorial do jornal da madrugada, a tônica
foi a crítica da composição dos ministros da instância máxima da Justiça
argentina. Para os desesperados da Globo, a Corte é subordinada ao
governo e grande parte dos integrantes foram nomeados por Nestor e
Cristina.
Curioso que quando houve uma proposta no
sentido de os ministros serem eleitos, a grita foi geral, ampla e
irrestrita. O projeto não seguiu adiante. Na verdade, o esquema
conservador, com fortes ramificações nos países latino-americanos, se
desespera com o fato da ampliação do debate sobre a questão midiática.
Na falta de argumentos investem contra o Executivo, Judiciário e
Legislativo.
Os analistas de sempre centraram as
baterias sobre a Argentina, mas preferiram não adotar um posicionamento
tão crítico em relação ao acontecido na Grã-Bretanha, quando o Conselho
Assessor da Rainha, composto por altos funcionários e membros do
governo, sancionou o novo regime que contempla a criação de um órgão
regulador da mídia e outro ouvidor com poderes ampliados e multas de
mais de um milhão de dólares pela violação do código de ética da
imprensa.
Os barões midiáticos ingleses ainda
tentaram aos 45 minutos do segundo tempo dois recursos judiciais para
impedir a aprovação da regulação midiática. Mas como se trata da
Inglaterra, os midiáticos conservadores destas bandas preferiam atacar
apenas a decisão da Justiça argentina.
Ao esquema de manipulação somou-se o
ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, em sua coluna de domingo em
jornais que não podem ouvir falar em regulação da mídia. Cardoso
utilizou argumentos do gênero senso comum ao afirmar que o objetivo era
atingir o “grupo independente do Clarin”. O ex-presidente demonstrou com
isso que não conhece a matéria e apenas comentou para ficar bem com
seus parceiros conservadores.
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