ELEIÇÃO NO CHILE: O OUTRO CANDIDATO DE CENTRO-ESQUERDA



As pesquisas indicam que Michelle Bachelet pode ganhar hoje no primeiro turno; caso isso não ocorra, há três candidatos com chances de disputar com a ex-presidenta no segundo turno (15/dezembro): Evelyn Matthei e os dois abaixo (Foto: Página/12)
De Salvador (Bahia) - Neste domingo, dia 17, 13 milhões de eleitores estão convocados para eleger, por voto voluntário pela primeira vez na história do país, entre nove candidatos a presidente, dentre eles duas mulheres. São duas filhas de generais, mas com histórias antagônicas, justamente as que estão em primeiro e segundo lugar nas intenções de voto, segundo pesquisas:

A ex-presidenta Michelle Bachelet, filha de militar que morreu numa prisão da ditadura, da Nova Maioria – a antiga coalizão chamada Concertação, juntando mais o Partido Comunista. Ela está no espectro da centro-esquerda.

E Evelyn Matthei, filha de militar pinochetista, candidata da Aliança de direita – União Democrática Independente e Renovação Nação -, com o apoio do presidente Sebastián Piñera.

Ela poderá ficar em segundo lugar e, portanto, disputar no segundo turno, caso Bachelet não consiga vencer logo no primeiro. Mas há mais dois candidatos que estão próximos e, segundo pesquisas, também com chances de chegar em segundo lugar. São eles:

1) Marco Enríquez-Ominami: é o outro candidato de centro-esquerda com alguma chance de disputar um segundo turno, caso haja. Filósofo e cineasta de 40 anos. Fundador do PRO (Partido Progressista), único partido independente de coalizões a obter mais de 20% dos votos em uma eleição presidencial desde o fim da ditadura — nas eleições de 2009. Conhecido pelas iniciais de seu nome, MEO é filho de um dos mais emblemáticos ícones da esquerda chilena. Seu pai foi Miguel Enríquez, principal líder do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária, sigla em espanhol), organização que não apoiou o governo de Salvador Allende e que reclamou uma revolução pelas armas.

Apesar disso, Marco, que quase não conheceu seu lendário pai, morto durante a ditadura de Pinochet, é um candidato de esquerda moderada, que saiu do Partido Socialista em 2009 e que vê no modelo do Brasil uma via alternativa. É partidário da educação gratuita, de convocar uma assembleia constituinte para aprovar uma nova Constituição, de uma nova política contra as drogas e de realizar uma reforma tributária. Além disso, é o principal defensor da ideia do Chile Federal. As pesquisas o posicionam com 7% a 11% das intenções de voto.

O outro candidato de direita

1) Franco Parisi: É o outro candidato de direita também com alguma chance de disputar um segundo turno, caso haja. Engenheiro comercial e professor universitário de 46 anos. Candidato independente que surpreendeu durante a corrida presidencial, com uma plataforma de campanha baseada na difusão do seu projeto através das redes sociais e de palestras em universidades, chegando a alcançar o patamar dos que atualmente brigam por uma vaga em um eventual 2º turno. Seu slogan exalta “o poder das pessoas” e diz combater os vícios da política tradicional, defendendo uma nova “política sem políticos”, onde os diretores e presidentes dos organismos públicos devem ser profissionais de carreira e não indicados pelos partidos políticos.

Promete reformas à atual Constituição e um novo modelo educacional parecido ao defendido pelo movimento estudantil, baseado no fim ao lucro na educação e a gratuidade no sistema público. Porém, foi envolvido em um escândalo neste final de campanha, por ser acionista de uma escola privada, com a qual obtinha lucro (contradizendo seu discurso), e por não arcar com os direitos trabalhistas dos funcionários. As pesquisas que o colocam como terceiro colocado, variando entre 13% e 15% das intenções, não mediram o efeito dos recentes escândalos em sua candidatura.

(Matéria baseada em informações do jornal argentino Página/12 e do portal Opera Mundi, de onde reproduzi, quase integralmente, a referência aos outros dois candidatos)

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