ARGENTINA: AMPLO APOIO À DECISÃO DA CORTE SUPREMA SOBRE A LEY DE MEDIOS



Pesquisa exclusiva sobre a Ley de Medios (Lei dos Serviços de Comunicação Audiovisual – LSCA): seis de cada dez pessoas estão de acordo com a decisão da Corte Suprema que declarou constitucional essa norma; mais da metade considera que o Grupo Clarín (monopólio da mídia hegemônica semelhante à Rede Globo no Brasil) deve acatar a sentença e adequar-se à lei; e 60% avaliam que a situação da liberdade de expressão no país é boa ou muito boa.

Por Raúl Kollmann, no jornal argentino Página/12, de 04/11/2011

Seis de cada dez pessoas consideram que há uma situação de liberdade de expressão boa ou muito boa na Argentina; uma porcentagem quase similar sustenta que a decisão da Corte Suprema sobre a lei dos meios de comunicação (Ley de Medios) é justa ou muito justa, e mais da metade das pessoas considera que o Grupo Clarín deve acatar a decisão e adequar-se à lei. Os que têm estas posições são o dobro dos que consideram que a situação da liberdade de imprensa é negativa.

As conclusões surgem duma pesquisa realizada pela consultora Ibarómetro durante os últimos dias da semana passada. A sondagem, dirigida por Ignacio Ramírez, foi realizada através de 1200 entrevistas telefônicas realizadas na Capital Federal e na Grande Buenos Aires, respeitando as proporções por idade, sexo e nível econômico-social. Ibarómetro menciona que a metodologia foi desenvolvida de acordo com normas de qualidade ISO 9001:2000.
O percentual que falta na primeira coluna é 48 (Todas as ilustrações: Página/12)
“A opinião pública mostra um acompanhamento majoritário da decisão da Corte – assinala Ramírez –, cujo prestígio transfere legitimidade à tão discutida Ley de Medios. Ainda que as opiniões emitidas reflitam as posturas a favor ou contra o governo, o respaldo que suscita a sentença da Corte – próximo a 60% da opinião pública – configura um nível de consenso superior às proporções de aprovação e rechaço ao Poder Executivo. Atenção que não se pode tomar como parâmetro o voto de 27 de outubro (eleições legislativas). Na mesma pesquisa perguntamos pela imagem do governo da Presidenta e chega a 52%. Seja como for, a maioria – a partir do pronunciamento da Corte – se inclina pela postura de que o Grupo Clarín acate a decisão. Daqui para frente, para consolidar o apoio cidadão à lei dos meios, o governo nacional tem o desafio de dar visibilidade e densidade aos aspectos menos ‘contenciosos’ da lei, tais como o fomento à produção nacional de conteúdos e a federalização do mapa dos meios de comunicação.”

Há um quadro impactante do estudo da Ibarómetro: nada menos que 72% dos entrevistados dizem que os veículos de comunicação não são imparciais. Há 48% que dizem que oferecem uma visão que está afinada com seus interesses políticos e econômicos, enquanto que outros 24% pensam que o que relatam está de acordo com seus valores e ideologia. Por outro lado, apenas 14% falam que os meios fazem uma descrição objetiva da realidade. O dado derruba o mito que se pretende instalar segundo o qual os órgãos de imprensa atuam numa espécie de vazio virginal.

Níveis baixos de confiança nos grandes meios de comunicação

Continua em espanhol:

“Con respecto a los ‘signos de época’ – dice Ramírez –, el estudio aporta dos claves insoslayables (dois pontos-chave indiscutíveis) para reflexionar sobre los últimos años del país: más allá de su vigencia normativa, el debate en torno de la ley de medios provocó una proceso de aprendizaje ciudadano, un cambio (uma mudança) cultural, por el cual la sociedad no percibe más a los medios como ‘testigos imparciales de los hechos y aspectos de la realidad’, sino más bien como actores teñidos de intereses y/o ideologías. Es decir, lo que resultaba el punto de partida de cualquier carrera de comunicación social se generalizó al conjunto de la ciudadanía. Tal alteración en la mirada sobre los medios modifica el ‘contrato de lectura’ que los ciudadanos establecen con los medios que consumen, estando ahora mejor provistos de músculos críticos.”
El estudio de Ibarómetro confirma una sensación palpable desde hace tiempo: la confianza en los grandes medios está en los niveles más bajos de la historia. Es posible que ello ocurra en todo el mundo. Uno de los ejemplos más utilizados es el apoyo que los medios norteamericanos le dieron a la invasión a Irak, con el argumento de que Saddam Hussein poseía armas de destrucción masiva. La información se probó falsa. Otro tanto ocurrió en España cuando los grandes medios sostuvieron que el atentado de Atocha fue perpetrado por ETA, versión difundida por el gobierno de José María Aznar y luego desmentida por la realidad. La desconfianza respecto de los medios de comunicación –justamente porque el ciudadano percibe que defienden sus intereses económicos e ideología – ha crecido en forma notoria. “Se trata de un elocuente dato de ‘época’ – resume Ramírez –, ya (já) que un ranking de este tipo en la década de los 90 ubicaba (apontava) a los medios (hoy en el diez por ciento) y a las ONG (hoy apenas 3,2 por ciento de confianza) en los primeros lugares. En los años que envolvieron la crisis del 2001 el ‘ningunismo’ (no – não - creo en ninguno) se recortaba como alternativa más elegida (mais escolhida), mientras (enquanto) que los resultados actuales condensan las profundas transformaciones del ecosistema cultural argentino: en primer lugar figura el Gobierno, que tiene lo que se llama un núcleo duro que respalda, sobre todo a la Presidenta, sin fisuras.” Por supuesto (Certamente) que hay dirigentes de oposición que podrían aspirar a lograr esa confianza, pero es un proceso en marcha, no concretado por ahora (não concretizado por enquanto).

En casi todos los aspectos, los ciudadanos que respaldan la ley de medios y el fallo (a decisão, a sentença) de la Corte duplican a los que están en contra. Y las proporciones se hacen más nítidas cuando se habla del estado de la libertad de prensa en el país, y el 60 por ciento afirma que es positiva o muy positiva la situación. El dato se resalta cuando durante la semana que pasó hubo legisladores que fueron a la Corte a pedir que anule su propio fallo (sua própria decisão), algo disparatado desde el punto de vista jurídico, pero – según se ve – también desde el ángulo de la opinión pública.

Tradução: Jadson Oliveira

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