Stone destacou sua decepção diante da gestão do presidente Barack Obama (Foto: Arquivo/Aporrea) |
Para o cineasta Oliver Stone, seu país, os Estados Unidos, "está podre (...) e ninguém teve coragem para mudar nada". Assim ele declarou ao ser entrevistado pelo jornal espanhol El Periódico, a propósito do recente lançamento de seu último documentário, intitulado "A história não contada dos Estados Unidos", um trabalho em 12 capítulos que será transmitido pela Televisión Española.
Stone destacou sua decepção diante da gestão do presidente Barack Obama. Disse que a população esperava mudanças fundamentais no sistema estadunidense, com justiça social e legalidade. No entanto, não houve maiores diferenças.
"Cada vez que penso nas eleições de 2008 me dói o coração. Me sinto roubado por ele (Obama), porque o presidente não fez o que prometeu que iria fazer. Se limitou a recolher o dinheiro de Wall Street e nomeou para seu Ministério gente conservadora, como Hillary Clinton. E continuou as políticas ilegais de Bush", afirmou Stone na entrevista.
O cineasta de 66 anos - que nas últimas quatro décadas tem se dedicado a estudar seu país e retratá-lo através de suas criações audiovisuais, especialmente em Salvador (1986) ou Nixon (1995), onde o tema central é a ingerência estadunidense e as erráticas políticas internas dos governos -, considera que nos EUA só existiram dois presidentes bons, John Kennedy e Franklin Roosevelt.
Também se referiu ao presidente Jimmy Carter, que, na sua opinião, "tentou, mas teve que ceder e sua presidência acabou convertida num dos piores expoentes do império americano".
No seu último trabalho audiovisual, a série "A história não contada dos Estados Unidos", quis "dar uma reviravolta em tudo, por em dúvida o estabelecido", mostrando que "os Estados Unidos é hoje o governo sem lei, ninguém se mete conosco, somos o império que controla tudo, uma sociedade agressiva e militarista, e eu conto como chegamos até isso", explicou Stone em entrevista recente ao jornal espanhol El país.
Nessa entrevista considerou que Obama "é um produto do sistema" que mostra na série, e explica que "nenhum homem pode com o império, somente Roosevelt e Kennedy conseguiram agitá-lo".
Stone, na mesma entrevista, refletiu: "Faço parte do império americano, vivo em Nova Iorque, fui abençoado com um monte de privilégios, porém a pessoa deve rebelar-se contra esses privilégios. Roosevelt o fez em sua presidência. Do contrário, todos acabaremos como em Rebelião na Granja ou 1984 de Orwell. Eu sou um cineasta com alma de historiador".
Tradução: Jadson Oliveira
Comentários