(Foto: Viomundo) |
Foi tudo bem. Ganhamos! Partilha não é concessão, que não é privatização. Quem você pensa que somos? O Brasil é pobre e não tem dinheiro para fazer as coisas sozinho. Todos os que não concordam com o discurso oficial foram definitivamente hipnotizados pelo Plínio de Arruda Sampaio. O carioca nem ligou para o leilão e curtiu a praia, que esse negócio de petróleo é muito complicado para ele. A China vai nos salvar dos Estados Unidos!
Só o black bloc quer estragar a festa. Todo mundo que não concorda é ressentido, tucano ou ultraesquerdista — menos o Arnaldo Jabor e a Miriam Leitão, que aplaudiram o leilão. Gabrielli? Fracassado. Metri? Sindicalista! Requião? Gagá. Petroleiros? Oportunistas. Comparato? Dinossauro.
Estes foram alguns dos argumentos brandidos nas últimas horas em torno do leilão de Libra. Mas, se tudo é tão simples assim e o leilão foi um grande negócio, por que o desespero, a tentativa de sufocar as opiniões contrárias? Será que foi mesmo um grande negócio, que nem merecia um amplo debate no Congresso Nacional e com os brasileiros, que são donos dos recursos “partilhados”?
O Viomundo insiste que seu papel é suscitar o debate e ouvir quem não tem espaço na mídia corporativa, cujos grandes patrocinadores foram contemplados hoje com uma fatia considerável do petróleo descoberto pela Petrobras no pré-sal.
Por isso fomos ouvir o professor Ildo Luís Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, depois do leilão, que segundo o blog do Planalto foi um grande sucesso.
(...)
Depois de falar à agência alemã Deutsche Welle, Sauer atendeu o Viomundo.
O ideal é ouvir a entrevista completa, logo abaixo.
Porém, em resumo, ele disse:
– Ninguém tem todo o dinheiro para bancar a exploração de Libra. As empresas Shell e Total vão ao mercado financeiro obter os recursos depois da certificação do petróleo existente em Libra, num papel que ele definiu como de “office-boy” da Petrobras. De fato, a Petrobras fará o trabalho pesado — tem tecnologia e conhecimento para isso. As parceiras terão, lá na frente, um lucro desproporcional ao investimento feito agora.
– O leilão foi um erro estratégico, pois junta num mesmo consórcio interesses antagônicos.
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