Rodrigo Janot: com o novo procurador geral da República, ares mais progressistas - condizentes com a América Latina - começam a soprar no Brasil (Foto: Internet) |
Pela primeira vez, um procurador geral
da República aceita a doutrina mundial: depois de décadas negando-a e de ser
condenado pela Comissão Interamericana, o Brasil admite invalidar a auto-anistia
da ditadura militar de 1964-1985.
Matéria do jornal argentino Página/12, edição de 10/10/2013 (o
título foi levemente alterado por este blog)
O
novo procurador geral da República, no Brasil, Rodrigo Janot, recomendou ao
Supremo Tribunal Federal (STF) que sejam julgados os repressores que cometeram
delitos contra os direitos humanos durante a ditadura militar. Os membros das forças
de segurança que entre 1964 e 1985 atuaram no terrorismo de Estado estão
atualmente beneficiados pela vigência da lei da anistia do país. Janot, que assumiu
o cargo no mês passado, assinalou: “O caráter imprescritível dos crimes contra
a humanidade constitui uma norma jurídica imperativa do direito internacional sobre
os direitos humanos”. O jurista contradiz assim o seu predecessor, Roberto
Gurgel, que havia rechaçado o julgamento em decorrência da lei da anistia,
sancionada em 1979 pelo então ditador João Baptista Figueiredo.
Essa norma fez do Brasil o único país da América Latina que não teve processos judiciais nem enviou à prisão policiais ou militares acusados de participar na repressão da ditadura instaurada após a derrubada de João Goulart. É a primeira vez que um procurador geral reconhece a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), que em 2010 condenou o Brasil por não investigar nem punir militares e agentes da inteligência e recomendou relativizar os alcances da anistia. A maioria dos juízes que integram o STF foram contrários, há três anos, à posição da Corte Interamericana e validaram a vigência da anistia com argumentos como a necessidade de preservar a segurança jurídica. Essa perspectiva também foi rechaçada pelo novo procurador Janot em sua recomendação. O chefe do Ministério Público Federal argumentou que não há nenhuma segurança jurídica que preservar quando se trata de alguma iniciativa que se volta contra a lei da anistia, que foi um pilar do regime autoritário.
Continua em espanhol:
Esta semana, la Procuraduría General brasileña recomendó la prisión preventiva y posterior extradición de un ex policía argentino acusado de torturas durante la dictadura. Según un comunicado, el pedido contra Manuel Alfredo Montenegro fue planteado por un juzgado federal argentino sobre la base de convenios entre ambos países y se centra en tres casos de presunta detención y tortura perpetrados entre 1972 y 1977 por los que fue acusado en Misiones en 2011. En un documento enviado al Supremo Tribunal, la procuraduría señaló que el pedido de extradición encuentra su razón en el sentido de que el ex policía no fue amnistiado por la Justicia argentina ni por la brasileña, por lo que los delitos de los que se lo acusa se siguen cometiendo en el tiempo. “En la Argentina, la imprescriptibilidad de los crímenes contra la humanidad practicados bajo un régimen autoritario fue reafirmada por la Corte Suprema. En Brasil, la imprescriptibilidad como norma de derecho internacional también se aplicaría”, manifestó Janot.
“El procurador general de la República, a quien tengo el honor de nombrar en esta ceremonia, es uno de los guardianes de la ciudadanía, de respeto a los principios y normas del derecho consagrados en nuestro ordenamiento jurídico”, señaló la presidenta Dilma Rousseff el 17 de septiembre, en la asunción de Janot al frente de la Procuraduría General. En esa oportunidad, la mandataria afirmó que el flamante (o novo) procurador tiene la capacidad de afrontar retos (desafios) y responsabilidades que conllevan ese cargo gracias a los logros obtenidos a lo largo de su carrera, su calificación profesional y el reconocimiento de sus pares, que lo recomendaron para esa función. En su discurso, Rousseff también destacó que el lugar que ocupa la procuraduría representa “un momento único” para la reafirmación de los compromisos con la democracia y el funcionamiento de las instituciones. En este sentido, la presidenta señaló: “El libre juego del Ministerio Público Fiscal (Federal) es esencial para la mejora de las instituciones democráticas, la preservación del estado de derecho y la garantía de los derechos individuales y colectivos de todos los brasileños”.
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