Sobre as biografias: direitos fundamentais não podem ser regateados conforme os índices de popularidade do cliente
Por Paulo Moreira Leite (foto), na Istoé Independente (portal Terra), de 21/10/2013
É claro que alguma coisa está muito errada num debate no qual o capitão Jair Bolsonaro, porta-voz da herança da ditadura, capaz de justificar até seus crimes, tenta ficar de braço dado com um brasileiro honrado e admirável como Chico Buarque.
Para Bolsonaro, o episódio é uma forma de melhorar a própria biografia. Para Chico, a companhia – mesmo forçada -- não faz bem.
Durante o regime militar, Chico teve um comportamento exemplar no combate a censura e contra a ditadura.
O esforço, tardio, para diminuir a importância desta atuação essencial é uma tentativa de nivelar por baixo a memória histórica recente, apagando responsabilidades e até forma de cumplicidade com a antiga ordem.
Discordo da postura de Chico Buarque mas é bom não fingir que há uma situação comparável, um “Quem te viu, quem te vê. ” Seu combate à censura era político. Era protesto.
Não há registro de que tenha se mobilizado para liberar colunas de fofocas, histórias de intrigas, casos de adultério e vida pessoal em geral. É disso que estamos falando, neste momento.
Se há algum respaldo jurídico a qualquer atitude que podemos chamar de censura a esse tipo de informação encontra-se nos artigos 20 e 21 do Código Civil.
Chico Buarque não tem nada a ver com ele.
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