Com os resultados desta eleição se manterá a atual relação de forças no Parlamento (Foto: DyN/Página/12) |
Apesar da derrota nos maiores
colégios eleitorais, o governo manterá a maioria dos assentos na Câmara dos
Deputados e no Senado, com os 32,23% dos votos obtidos nesta eleição.
Do sítio web Unisinos
– Instituto Humanitas Unisinos, de 28/10/2013
Os
candidatos do governo peronista da presidente argentina Cristina Kirchner
foram derrotados nas principais províncias do país nas eleições legislativas do
domingo, segundo dados oficiais.
A votação
foi realizada para renovar metade das cadeiras da Câmara dos Deputados, um
terço do Senado e para eleger vereadores nas dez das 24 províncias do país.
Apesar da derrota nos maiores colégios eleitorais, o governo manterá a maioria
dos assentos nas duas Casas, com 32,23% dos votos.
A
reportagem é publicada pela BBC Brasil, 28-10-2013.
Os
opositores peronistas aliados chegaram em segundo com 23,85% dos votos, os
parlamentares da União Cívica Radical (UCR), Socialistas e aliados
garantiram 23,73% das cédulas e PRO (do prefeito da capital Maurício Macri) e
aliados receberam 7,66% dos votos. Na soma, as três maiores forças opositoras
juntas receberam mais votos do que o governo.
"Nós
ganhamos e vamos manter a maioria no Congresso", disse o ministro da
Defesa e ex-líder do governo na Câmara, Agustín Rossi, da Frente Para a
Vitória (FPV).
Já para a
deputada reeleita Elisa Carrió, da oposição, "o governo perdeu, mas
não quer reconhecer".
Buenos
Aires
A maior
derrota para o governo aconteceu na província de Buenos Aires, que é a
maior do País e representa 38% do eleitorado nacional.
O atual
prefeito da cidade de Tigre, Sergio Massa, da opositora Frente
Renovadora, obteve 43,81% dos votos, contra 31,81% do candidato do governo, Martín
Insaurralde.
Com o
resultado, Massa ampliou a diferença sobre Insaurralde em relação
às primárias, chamadas de PASO (Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias)
realizadas em agosto, em que teve 5,4% votos a mais do que o candidato do
governo. Além disso, Massa agora se reafirma como principal líder da
oposição ao kirchnerismo.
"Esse
resultado em si já demonstra a derrota do governo porque a província de Buenos
Aires é decisiva", disse Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova
Maioria.
Para os
analistas Sergio Berensztein, da consultoria Poliarquia, e Muriel
Fornoni, da consultoria Managment & FIT, as autoridades da gestão de Cristina
"não reconheceram a derrota", o que, na avaliação deles, distancia o
governo do eleitorado.
O
analista político do jornal Clarín, Eduardo van der Kooy, afirmou que o
governo "repetia o mesmo discurso das primárias, quando perdeu, mas disse
que ganhou".
Já o
filósofo e kirchnerista Ricardo Forster ponderou, observando que o
pleito não se trata de uma eleição presidencial.
"A
presidente Cristina Kirchner mantém forte apoio popular e a
governabilidade está garantida", disse ele a emissoras de TV.
Imagem x
votos
Cristina
Kirchner foi
reeleita em 2011 com 54% dos votos e, segundo os analistas, seu patrimônio
eleitoral teria diminuído "entre 20% e 28%" nesta eleição
legislativa, como observou o colunista do jornal La Nación, Joaquín
Morales Solá.
A
presidente não votou porque está de repouso desde que foi submetida a uma
cirurgia para a retirada de um hematoma no cérebro, no dia 8 de outubro. Ela
não fala em público desde então e o cargo vem sendo exercido pelo
vice-presidente, Amado Boudou.
"Ela
está bem, de muito bom humor. Não sei quando ela retorna (ao trabalho)",
disse o filho Máximo Kirchner, de 36 anos, ao votar em Rio Gallegos, na
província de Santa Cruz, na Patagônia.
Segundo Muriel
Fornoni, a imagem positiva da presidente subiu após seu problema de saúde,
mas o fato "não foi canalizado para os votos nos candidatos do
governo".
Eleição presidencial
em 2015
A eleição
legislativa foi realizada no dia que marcou os três anos da morte do
ex-presidente Néstor Kirchner, em 2010. Ele governou a Argentina entre
2003 e 2007, foi sucedido pela esposa e este ano o kirchnerismo completou dez
anos (no poder).
Nas redes
sociais, alguns eleitores comemoraram a derrota do governo nas urnas.
"Não
existe mal que dure dez anos. Kirchnerismo tampouco", escreveu o usuário
do Twitter, Facundo Landivar.
Analistas
observaram que a expectativa agora é em relação ao dia do retorno da presidente
e se ela manterá o atual rumo político e econômico.
"Temos
dez anos de estabilidade política, econômica e cambial na Argentina. Essa
eleição é a consolidação da democracia reinstaurada há exatos 30 anos. E falta
muito para 2015", disse a presidente do Banco Central, Mercedes Marcó
del Pont, quando questionada se a disputa presidencial de 2015 já começa
agora.
A
inflação, apontada como maquiada, a disparada do dólar paralelo (era cotado a
4,49 pesos em outubro de 2011 e agora já bate 10,10 pesos) e os problemas com
segurança pública estão entre as principais críticas da oposição.
"Falta
muito para 2015, mas a votação deste domingo mostrou que os eleitores querem
mudanças. Querem políticos que dialoguem, não querem mentiras como a da
inflação e querem segurança", disse Sergio Massa.
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