CRISTINA NA ONU, SOBRE A SÍRIA: “QUE DIFERENÇA HÁ ENTRE UM MORTO POR ARMAS QUÍMICAS OU POR TIRO?”



Cristina interpelou sobre a hipocrisia e os interesses inconfessáveis em torno dos discursos contra ditadores: por que não houve discursos na ONU quando dos golpes de Estado no Chile e na Argentina? (Foto: Prensa presidencial argentina)
Disse que resulta "incompreensível" que "se haja dado conta" há pouco tempo da crise na Síria, quando ela já dura mais de dois anos e meio com "150 mil mortos, dos quais 99,99% morreram por armas convencionais e não químicas".

Por Agência de Notícias Télam – trechos extraídos de matéria do portal Aporrea.org, de 25/09/2013

De Nova Iorque (EUA) – Durante seu discurso na 68ª. Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner destacou a necessidade de procurar todos os mecanismos necessários para buscar a paz, ressaltando que "não há guerra justa, o que é justa é a paz".

Ao se referir ao conflito sírio, assinalou que quando esteve presidindo o Conselho de Segurança da ONU propôs reformas nesse organismo "porque sua função datava do pós-guerra, da guerra fria e do temor ao holocausto nuclear".

"Este temor se mostrou obsoleto, não somente frente à Síria, como também diante de outros episódios contra a paz", disse.

A presidenta enfatizou a necessidade de que no Conselho de Segurança não exista direito a veto e lembrou como exemplo a Unasul e o Mercosul, onde "as decisões são tomadas por consenso".

Cristina disse que resulta "incompreensível" que "se haja dado conta" há pouco tempo da crise na Síria, quando ela já dura mais de dois anos e meio com "150 mil mortos, dos quais 99,99% morreram por armas convencionais e não químicas" e se perguntou: "Que diferença há entre um morto por armas químicas ou por tiro"?

Neste contexto, mencionou as câmaras de gás do nazismo, o holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasaki, o napalm no Vietnã e a dor da sociedade norte-americana quando chegavam os cadáveres de seus soldados.

Saudou o acordo sobre a Síria e ressaltou: "Nos opusemos ao bombardeio".

Ao abordar o tema dos direitos humanos e os discursos contra ditadores que se pronunciam neste sentido, disse que "teríamos gostado desses discursos" quando se deram os golpes militares contra Salvador Allende, no Chile, ou sobre a ditadura genocida da Argentina.

A presidenta assinalou que se deve "acabar com o duplo discurso" e que "as decisões das Nações Unidas se cumpram para os fracos e para os fortes".

Em outro trecho de seu pronunciamento, voltando ao tema da Síria, frisou que "seria interessante conhecer quem fornece as armas aos rebeldes que enfrentam o governo sírio".
 
Tradução: Jadson Oliveira

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