Michelle Bachelet: cotada para voltar ao La Moneda (Foto: EFE/Página/12) |
Bachelet liderou um governo marcado
pela extrema conciliação com as forças da direita, mantendo intocada a
Constituição neoliberal parida pelo pinochetismo e inclusive assinando um
Tratado de Livre Comércio com o governo dos Estados Unidos.
De Belo Horizonte (MG) - A última pesquisa
de intenções de voto para as eleições presidenciais do Chile, divulgada no
último dia 29/agosto, dá uma vantagem de mais de 30 pontos em favor da
ex-presidenta Michelle Bachelet, candidata da chamada Nova Maioria, que além da
antiga Concertação, inclui mais partidos, como o Comunista, alargando a frente
considerada de centro-esquerda. O pleito (primeiro turno) será em 17 de novembro.
Enquanto
Bachelet aparece com 44% das preferências, sua principal oponente, da direita,
Evelyn Matthei, ex-ministra do Trabalho do atual presidente Sebastián Piñera, chega
a apenas 12%. Além de mulheres, as duas coincidem em terem tido uma convivência
amigável na infância e serem filhas de militares da época da ditadura, porém de
posições opostas: o pai de Bachelet foi preso e morto pela repressão e o de
Matthei fez parte de Junta de Governo encabeçada por Pinochet.
Outro
quesito que atesta a distância entre as duas, em termos de possibilidade na
eleição, é sobre a previsão das pessoas de quem irá trabalhar no palácio La
Moneda: 75% acreditam na escolha da centro-esquerdista, enquanto somente 6%
apostariam na direitista. A pesquisa foi feita pelo Centro de Estudos Públicos
(CEP) no período de julho e agosto (dados da pesquisa de acordo com matéria do
jornal argentino Página/12, de 30/agosto).
O
momento político em que foi realizada a sondagem, no entanto, dá uma grande
vantagem à ex-presidenta. Foi em meio à desistência do ex-candidato da direita
e o anúncio da escolha da nova candidata. Portanto, é necessário acompanhar o
desenrolar da campanha da principal adversária de Bachelet, para ver a reação
dos eleitores diante da nova pretendente.
No
caso da candidata de centro-esquerda, a expectativa é que ela, no caso de
voltar ao La Moneda, volte com disposição de avançar no enfrentamento ao
império dos Estados Unidos e às amarras do capitalismo, especialmente levando
em conta a força do movimento estudantil e popular no Chile nestes últimos
anos, em batalha frontal de rua contra a mercantilização da educação e pelo
ensino público e gratuito.
Do
ponto de vista das forças progressistas e de esquerda da América Latina,
Bachelet liderou um governo (março/2006 a março/2010) marcado pela extrema
conciliação com as forças da direita, mantendo intocada a Constituição neoliberal
parida pelo pinochetismo e inclusive assinando um Tratado de Livre Comércio com
o governo dos Estados Unidos.
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