Uma das duas pistas da Avenida Afonso Pena (sentido Mangabeiras) foi tomada pelos manifestantes: a maioria era da CUT (Todas as fotos: Jadson Oliveira) |
A passeata terminou com uma concentração em frente do prédio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais/Fiemg, na Avenida do Contorno |
Já arrebenta, como está hoje. Mas os empresários e as forças da direita acham pouco e querem mais: através dum projeto em tramitação na Câmara dos Deputados, querem ampliá-la, chegando até à terceirização da “atividade fim” da empresa e ao que está sendo chamado de quarteirização – uma terceirizada poderá, se o projeto for aprovado, terceirizar uma quarta empresa. Ou seja, uma empresa terminará funcionando sem nenhum empregado contratado diretamente, protegido pelas vantagens e garantias da legislação trabalhista.
A manifestação, no entanto – infelizmente, do ponto de vista dos interesses do movimento popular, democrático e de esquerda -, ficou restrita apenas à militância sindicalista: representantes de quatro centrais (Central Única dos Trabalhadores/CUT, Central dos Trabalhadores do Brasil/CTB, Central Sindical e Popular/CSP – Conlutas e Nova Central) e de federações e sindicatos de várias categorias, além de alguns poucos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra/MST e de outros movimentos sociais. Cerca de 400 pessoas, na estimativa dum suboficial da PM que acompanhava a passeata (creio que foi até um pouco menos).
Digo “restrita apenas à militância sindicalista” porque não se via nenhum participante ou grupo de pessoas que pudesse parecer gente de outros segmentos sociais, de estudantes e/ou jovens, por exemplo, alguma presença que pudesse parecer gente da massa atraída mais espontaneamente, como vimos abundantemente nas chamadas “jornadas de junho”.
Tratou-se duma mobilização que costumo classificar como “burocrática”, sem entusiasmo, o que marca a incapacidade dos partidos e movimentos institucionalizados de sensibilizar camadas mais amplas da população para lutar por bandeiras aparentemente justas, como é a luta contra a terceirização, por exemplo. (Deu-se o mesmo na manifestação de 11 de julho, convocada também por centrais sindicais, pelo menos pela que cobri para este meu blog, em Salvador-Bahia. Houve mais gente lá do que esta de ontem em Belo Horizonte, mas com características iguais).
Mais informações com as fotos:
A manifestação saiu da Praça Sete, veja aí o conhecido "Pirulito" do centro da cidade. Pegou daí a Afonso Pena, longa e larga avenida a partir do centro, dobrou na Avenida Getúlio Vargas e logo em seguida chegou à Avenida do Contorno. Entre a caminhada e as paradas, inclusive a final na Fiemg, foram 2:30 horas (das 2 às 4:30 da tarde).
Desfilando pela Avenida Afonso Pena, a última foto é passando pela pracinha Tiradentes (veja a estátua). Ao longo de todo o trajeto, dezenas de dirigentes sindicais foram dando seus recados, em nome das diversas entidades. Aproveitavam para fazer referências a temas e órgãos pelas cujas sedes passavam em frente, como a prefeitura de BH, os Correios, o Ministério da Fazenda, a Federação da Agricultura, etc.
Como se pode ver numa das faixas, a luta é contra o projeto de lei 4.330/2004, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-Goiás), relatado por Arthur Maia (PMDB-Bahia), que tem previsão de ser apreciado no próximo dia 13 pela Comissão de Constituição e Justiça.
Esta aí é Beatriz Cerqueira, presidente da CUT/MG, que coordenou a manifestação. Palavras dela divulgadas através do sítio da Internet da CUT:
"Hoje é mais um dia de luta, e ela vai continuar. Não vamos aceitar a precarização de direitos dos trabalhadores. Estaremos de olho em cada um dos políticos. Os trabalhadores não vão votar em quem vota a favor dos empresários. Os deputados têm que atender os interesses do povo. Este projeto, que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), se for aprovado trará um enorme prejuízo para os trabalhadores. Tem uma juventude que está prestes a entrar no mercado de trabalho e pode sofrer com a terceirização sem limites. Precisamos impedir que isso aconteça”.
Uma das paradas foi na frente do prédio do Tribunal Regional do Trabalho/TRT.
(Durante o desfile pela Afonso Pena, os policiais se limitaram a controlar o trânsito, inclusive barrando os carros nos vários cruzamentos. Em pelo menos um momento, um dos que conduziam seus automóveis gritou algo em protesto e recebeu, em troca, uma sonora vaia).
Final da manifestação em frente à Fiemg, uma vaia aos empresários e os últimos discursos.
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