SINDICALISTAS MINEIROS NAS RUAS CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO: SOMENTE SINDICALISTAS




Uma das duas pistas da Avenida Afonso Pena (sentido Mangabeiras) foi tomada pelos manifestantes: a maioria era da CUT (Todas as fotos: Jadson Oliveira)
A passeata terminou com uma concentração em frente do prédio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais/Fiemg, na Avenida do Contorno
Momento de vibração entre parte dos sindicalistas: dezenas deles invadem o hall da entrada do anexo da Fiemg, na Avenida do Contorno e, por cerca de 10 minutos, gritam lá dentro: "abaixo a terceirização"
De Belo Horizonte (MG) – Os sindicalistas mineiros, fazendo coro com o movimento nacional dos trabalhadores, foram às ruas da capital mineira, nesta terça-feira, dia 6, para tentar barrar a ampliação – “sem limites”, como eles dizem – da terceirização, um fenômeno moderno do capitalismo que arrebenta os salários e as condições de trabalho dos brasileiros, um manjar dos deuses para quem busca cada vez mais lucros, mesmo à custa da desgraça dos mais pobres.


Já arrebenta, como está hoje. Mas os empresários e as forças da direita acham pouco e querem mais: através dum projeto em tramitação na Câmara dos Deputados, querem ampliá-la, chegando até à terceirização da “atividade fim” da empresa e ao que está sendo chamado de quarteirização – uma terceirizada poderá, se o projeto for aprovado, terceirizar uma quarta empresa. Ou seja, uma empresa terminará funcionando sem nenhum empregado contratado diretamente, protegido pelas vantagens e garantias da legislação trabalhista.


A manifestação, no entanto – infelizmente, do ponto de vista dos interesses do movimento popular, democrático e de esquerda -, ficou restrita apenas à militância sindicalista: representantes de quatro centrais (Central Única dos Trabalhadores/CUT, Central dos Trabalhadores do Brasil/CTB, Central Sindical e Popular/CSP – Conlutas e Nova Central) e de federações e sindicatos de várias categorias, além de alguns poucos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra/MST e de outros movimentos sociais. Cerca de 400 pessoas, na estimativa dum suboficial da PM que acompanhava a passeata (creio que foi até um pouco menos).


Digo “restrita apenas à militância sindicalista” porque não se via nenhum participante ou grupo de pessoas que pudesse parecer gente de outros segmentos sociais, de estudantes e/ou jovens, por exemplo, alguma presença que pudesse parecer gente da massa atraída mais espontaneamente, como vimos abundantemente nas chamadas “jornadas de junho”.


Tratou-se duma mobilização que costumo classificar como “burocrática”, sem entusiasmo, o que marca a incapacidade dos partidos e movimentos institucionalizados de sensibilizar camadas mais amplas da população para lutar por bandeiras aparentemente justas, como é a luta contra a terceirização, por exemplo. (Deu-se o mesmo na manifestação de 11 de julho, convocada também por centrais sindicais, pelo menos pela que cobri para este meu blog, em Salvador-Bahia. Houve mais gente lá do que esta de ontem em Belo Horizonte, mas com características iguais).


Mais informações com as fotos:


A manifestação saiu da Praça Sete, veja aí o conhecido "Pirulito" do centro da cidade. Pegou daí a Afonso Pena, longa e larga avenida a partir do centro, dobrou na Avenida Getúlio Vargas e logo em seguida chegou à Avenida do Contorno. Entre a caminhada e as paradas, inclusive a final na Fiemg, foram 2:30 horas (das 2 às 4:30 da tarde).
Desfilando pela Avenida Afonso Pena, a última foto é passando pela pracinha Tiradentes (veja a estátua). Ao longo de todo o trajeto, dezenas de dirigentes sindicais foram dando seus recados, em nome das diversas entidades. Aproveitavam para fazer referências a temas e órgãos pelas cujas sedes passavam em frente, como a prefeitura de BH, os Correios, o Ministério da Fazenda, a Federação da Agricultura, etc.

Como se pode ver numa das faixas, a luta é contra o projeto de lei 4.330/2004, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-Goiás), relatado por Arthur Maia (PMDB-Bahia), que tem previsão de ser apreciado no próximo dia 13 pela Comissão de Constituição e Justiça.

Esta aí é Beatriz Cerqueira, presidente da CUT/MG, que coordenou a manifestação. Palavras dela divulgadas através do sítio da Internet da CUT: 

"Hoje é mais um dia de luta, e ela vai continuar. Não vamos aceitar a precarização de direitos dos trabalhadores. Estaremos de olho em cada um dos políticos. Os trabalhadores não vão votar em quem vota a favor dos empresários. Os deputados têm que atender os interesses do povo. Este projeto, que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), se for aprovado trará um enorme prejuízo para os trabalhadores. Tem uma juventude que está prestes a entrar no mercado de trabalho e pode sofrer com a terceirização sem limites. Precisamos impedir que isso aconteça”.
Uma das paradas foi na frente do prédio do Tribunal Regional do Trabalho/TRT.
Dez minutos de vibração, fora do script: dezenas de manifestantes entram no hall dum prédio da Fiemg (anexo à sede principal), na Avenida do Contorno. Protestaram aos gritos lá dentro contra a terceirização, enquanto funcionários da entidade patronal faziam uma barreira junto às catracas que dão acesso ao interior do edifício. Logo em seguida saíram sem problemas. Não houve em nenhum momento violência nem repressão policial. 

(Durante o desfile pela Afonso Pena, os policiais se limitaram a controlar o trânsito, inclusive barrando os carros nos vários cruzamentos. Em pelo menos um momento, um dos que conduziam seus automóveis gritou algo em protesto e recebeu, em troca, uma sonora vaia).
Final da manifestação em frente à Fiemg, uma vaia aos empresários e os últimos discursos.

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