(Fotos de www.medium.com, que ilustram texto de André Azevedo, um dos links abaixo) |
Com esta abertura e o título logo aqui acima, Renato Rovai, em seu Blog do Rovai, de 11/08/2013, introduz o texto abaixo de Atílio Alencar, do qual publico apenas alguns parágrafos (o primeiro e os finais) e deixo o link para quem quiser lê-lo na íntegra. O título geral acima é deste blog, cuja postagem coloca à disposição dos leitores cinco textos (conforme os links que você vai encontrar no decorrer da leitura) sobre o assunto do momento na blogosfera, sobre o qual este Evidentemente já divulgou vídeo e texto quando da entrevista de Pablo Capilé e Bruno Torturra ao programa Roda Vida, da TV Cultura. São textos longos, mas que devem interessar aos que querem ficar por dentro das organizações sociais (comunicação e cultura) que fascinam a juventude, mesmo porque estão "lastreadas" (termo do momento) nas novíssimas tecnologias da informática, ferramentas digitais com as quais o pessoal da minha geração fica todo enrolado. Os exemplos maiores de tais organizações são a Mídia Ninja e o enfocado aqui Fora do Eixo, que ganharam estupenda visibilidade após as massivas manifestações de rua de junho/2013.
Por Renato Rovai:
Muitos textos nos últimos dias sobre o Fora do Eixo, principalmente porque tenho há uns dois anos relação próxima com o grupo e queria tentar entender melhor por que o texto de Beatriz Seigner desencadeou uma enxurrada de críticas ao FdE, algumas repletas de mágoa. Outras de ódio. E, claro, também muitas de defesa quase apaixonada. Ou de parceiros solidários, como a da UJS, cujo título é Somos Todos Fora do Eixo.
É com base nessas leituras que vou fazer a entrevista de hoje (domingo, dia 11), às 20h, com o Pablo Capilé. Seremos eu e o Antônio Martins, do Outras Palavras. Entre todas essas leituras, destaco dois textos. O primeiro está publicado aqui. É um estudo feito pelo pesquisador André Azevedo da Fonseca, da Universidade de Londrina (UEL). Ele faz uma análise que destaca como “uma visão crítica sem rancores ou deslumbres da rede de coletivos”. Outro é o de Atílio Alencar, ex-integrante do FdE, e a quem conheci pessoalmente, e que segue abaixo. Gosto do texto porque ele tem a capacidade de debater o FdE sem entrar no que chama de Fla x Flu. E debate modelos culturais, que é a discussão que mais me interessa nesta polêmica toda.
A quem possa interessar: sobre a polêmica da vez, o Fora do Eixo
Por Atílio Alencar:
Antes de mais nada: se alguém espera ler aqui uma fábula de terror psicológico pontuada por requintes de crueldade ou um conto de fadas sobre dedicação e superação, esqueça. Não tenho a mínima intenção de engrossar o caldo dos relatos passionais contra ou à favor do Fora do Eixo. Aliás, acho lamentável que tanto quem ataca quanto quem defende, tem optado por adotar uma linha de exacerbação dos aspectos pontuais que ora geram a ideia de uma rede análoga a um pesadelo com grades de ferro, ora pintam em cor de rosa a experiência da vida em coletivo. Prefiro pensar que em algum ponto entre esses extremos, podemos tratar do fenômeno da organização em si, do que ela significa, e não do conjunto de seus dramas individuais.
(...)
A isso, ao espetáculo da carnificina que iguala humores antagônicos, eu prefiro o viés que disputa essas novas organizações pela esquerda, mas sem a paixão pela derrota. Antes de qualquer condenação sumária, eu quero é apostar que o Fora do Eixo vai assumir a responsabilidade histórica de estabelecer uma ética radical de transparência, criando canais de debate ainda mais densos sobre a relação financiamento e autonomia no Brasil. Eu quero mais é que as camadas retóricas que porventura possam obscurecer o funcionamento das moedas solidárias sejam amplamente aprofundadas, gerando materiais didáticos legíveis, de fácil replicação e adequação por parte de empreendimentos periféricos e colaborativos. Se o feminismo no FdE é incipiente, eu desejo mesmo é que a organização seja provocada a debater com as feministas clássicas e com as vadias contemporâneas os projetos de luta e emancipação feminina. Que o papel de uma rede como o FdE enquanto entidade de interesse público seja de fato hackeável, que toda tecnologia gerada pela rede seja posta a serviço dos movimentos sociais sem ônus nem acúmulo material ou simbólico para nenhum dos envolvidos. Que movimentos ainda precarizados tecnologicamente se apropriem e potencializem sua atuação à partir do compartilhamento de saberes. Que a Mídia Ninja seja lida como mais uma das experiências interessantes, e que seja canibalizada por outras mídias, menores, invisíveis, autônomas, para que no caso dos ninjas sucumbirem ao mercantilsmo da informação, outros tantos tentáculos sigam fazendo o contraponto nas ruas. Que uma liderança como Pablo Capilé (porque sim, Pablo é uma liderança e das mais instigantes) seja constantemente intimado a renunciar à tentação do poder cristalizado em nome de estar junto, mas nunca acima dos movimentos sociais.
Pra mim, se não for isso, é recuar pela direita; é como se decidíssimos nos retirar das ruas com medo das marchas serem cooptadas pelo inimigo, ao invés de disputá-las.
Basicamente, é isso que eu tinha pra dizer.
*Ah, sim, só mais um detalhe: você que se declarou chocado com as supostas “terríveis violações de direitos humanos” praticadas por integrantes do Fora do Eixo, mas adora fazer uma piada com a deformidade labial do Capilé, saiba que o inferno é mesmo cheio de contradições. Piadas são um tipo de discurso que naturalizam preconceitos; mulheres, negros e gays que o digam.
Para ler o texto completo de Atílio Alencar, clicar aqui:
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