Bernardo Kliksberg: o que falta na Argentina, no Brasil e em toda a região (Foto: Página/12) |
Em meio ao lançamento de sua nova série de documentários, “El otro me importa”, o consultor das Nações Unidas Bernardo Kliksberg criticou a “cobiça desenfreada”, analisou a origem das novas demandas na América do Sul, falou dos “heróis éticos” como Anilevich e Luther King e afirmou que as soluções para melhorar a situação atual são viáveis.
Por Martín Granovsky, no jornal argentino Página/12 – entrevista reproduzida do
portal Carta Maior, de 25/08/2013 (o
título acima é deste blog)
Buenos Aires – Bernardo Kliksberg
acaba de receber um prêmio, o Prêmio à Solidariedade, que lhe prestaram ao
mesmo tempo o Cáritas e a Amia, a Associação Mutual Israelita Argentina, junto
a dezenas de universidades e organizações da sociedade civil. De passagem por
Buenos Aires para assistir os primeiros capítulos de sua nova série de
documentários pelo canal Encuentro, “El otro me importa”, o economista e
colaborador do Página/12 Bernardo Kliksberg dialogou conosco.
“O que falta é muito”, disse sobre a situação atual na América do Sul. “Não é que 10 anos seriam o bastante. Estamos na região mais desigual de todo o planeta Terra. Como era há 10 anos e continua sendo. Há 180 milhões de pobres na América Latina. Os progressos são valiosíssimos mas não há com que iludir-se porque a meta estava aí ao lado e era fácil de conseguir. Por isso as reivindicações escutadas são realizadas em função do muito que falta. Quando há mais participação, mais qualificação e demandas básicas satisfeitas, se pode esperar um nível superior de demanda. Isso é positivo. E para cumprir com as demandas que faltam são necessárias reformas ainda mais profundas”.
De que maneira?
Por agora, sem descuidar o timing: como articular essa demanda e transformá-la em um maior apoio para o aprofundamento. Sobretudo porque as demandas dos setores mais marginalizados são legítimas e, por definição, devem ser amplamente consideradas.
“Aprofundamento” é uma palavra que, pelo menos na política argentina, circula muito. A ponto de cada um não ter definição alguma ou ter uma definição própria. Qual é a sua?
Continuar reduzindo a deserção na escola secundária. Estender a cobertura universal de água potável e esgotos. Gerar formalização em amplos setores da economia informal. Esses três objetivos concretos são parte da agenda, na qual ainda falta muito e há que se apressar. Ao mesmo tempo é necessário intensificar a luta pela compreensão da realidade, que também será decisiva. Essa luta deve ser universalizada.
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