Por Paulo Moreira Leite, no seu blog no portal Terra/Istoé, de 16/08/2013
Vamos parar de fingimento e tratar as coisas como elas são. A atitude de Joaquim Barbosa diante dos demais integrantes do STF é inaceitável e pode comprometer o bom desempenho da Justiça.
Se isso é grave em qualquer circunstância, é ainda mais grave quando se trata de um processo que admiradores do próprio Joaquim definem como o “maior julgamento do século”.
Joaquim já havia demonstrado esse comportamento em novembro de 2012, quando foi criticado pelo jornal O Estado de S. Paulo por uma atuação que “destoa do que se espera de um ministro da mais alta corte do Justiça do país”.
Cobrando “serenidade” por parte de Joaquim, o jornal ainda escreveu que o presidente do STF “como que se esmera em levar um espetáculo de nervos à flor da pele, intolerância e desqualificação dos colegas”.
A pergunta que esse comportamento obriga a fazer é simples: queremos Justiça ou queremos espetáculo?
E qual espetáculo?
Clicar para ler todo o artigo:
Agressão de Barbosa a Lewandowski
O diálogo está contido no artigo acima, mas antecipo logo
aqui para ressaltar que se trata duma agressão e não dum bate-boca, como diz
grande parte da imprensa. Chamar isso de bate-boca é ser demasiadamente brando
com o ministro Joaquim Barbosa e demasiadamente injusto com seu colega Ricardo Lewandowski.
Celso
de Mello – Os argumentos são ponderáveis. Talvez pudéssemos
encerrar essa sessão e retomar na quarta-feira. Poderíamos retomar a partir
deste ponto específico para que o tribunal possa dar uma resposta que seja
compatível com o entendimento de todos. A mim me parece que isso não retardaria
o julgamento, ao contrário, permitiria um momento de reflexão por parte de
todos nós. Essa é uma questão delicada.
Barbosa
–
Eu não acho nada ponderável. Acho que ministro Lewandowski está rediscutindo
totalmente o ponto. Esta ponderação...
Lewandowski – É
irrazoável? Eu não estou entendendo...
Barbosa –
Vossa Excelência está querendo simplesmente reabrir uma discussão...
Lewandowski
–
Não, estou querendo fazer Justiça!
Barbosa –
Vossa Excelência compôs um voto e agora mudou de ideia.
Lewandowski –
Para que servem os embargos?
Barbosa –
Não servem para isso, ministro. Para arrependimento. Não servem!
Lewandowski –
Então, é melhor não julgarmos mais nada. Se não podemos rever eventuais
equívocos praticados, eu sinceramente...
Barbosa –
Peça vista em mesa!
Celso
de Mello – Eu ponderaria ao eminente presidente, talvez conviesse
encerrar trabalhos e vamos retomá-los na quarta-feira começando especificamente
por esse ponto. Isso não vai retardar...
Barbosa –
Já retardou. Poderíamos ter terminado esse tópico às 15 para cinco horas...
Lewandowski –
Mas, presidente, estamos com pressa do quê? Nós queremos fazer Justiça.
Barbosa –
Pra fazer nosso trabalho! E não chicana, ministro!
Lewandowski –
Vossa Excelência está dizendo que eu estou fazendo chicana? Eu peço que Vossa
Excelência se retrate imediatamente.
Barbosa –
Eu não vou me retratar, ministro. Ora!
Lewandowski –
Vossa Excelência tem obrigação! Como presidente da Casa, está acusando um
ministro, que é um par de Vossa Excelência, de fazer chicana. Eu não admito
isso!
Barbosa –
Vossa Excelência votou num sentido, numa votação unânime...
Lewandowski –
Eu estou trazendo um argumento apoiado em fatos, em doutrina. Eu não estou
brincando. Vossa Excelência está dizendo que eu estou brincando? Eu não admito
isso!
Barbosa –
Faça a leitura que Vossa Excelência quiser.
Lewandowski –
Vossa Excelência preside uma Casa de tradição multicentenária...
Barbosa –
Que Vossa Excelência não respeita!
Lewandowski –
Eu?
Barbosa –
Quem não respeita é Vossa Excelência.
Lewandowski
–
Eu estou trazendo votos fundamentados...
Barbosa –
Está encerrada a sessão!
Comentários