A Cúria é constituída pelo conjunto dos organismos que ajudam o Papa a governar a Igreja, dentro dos 44 hectares que circundam a basílica de São Pedro em Roma (Foto: Correio do Brasil) |
Por Leonardo
Boff, no Correio do Brasil, de 17/08/2013
A Cúria
Romana é constituída pelo conjunto dos organismos que ajudam o Papa a governar
a Igreja, dentro dos 44 hectares que circundam a basílica de São Pedro. São um
pouco mais de três mil funcionários. Nasceu pequena no século XII; mas,
transformou-se num corpo de peritos em 1588, com o Papa Sisto V, forjada
especialmente para fazer frente aos Reformadores Lutero, Calvino e outros. Em
1967, Paulo VI e, em 1998, João Paulo II, tentaram, sem êxito, a sua reforma.
É
considerada uma das administrações governativas mais conservadoras do mundo e
tão poderosa que praticamente retardou, engavetou e anulou as mudanças
introduzidas pelos dois Papas anteriores e bloqueou a linha progressista do
Concílio Vaticano II (1962-1965). Incólume, continua, como se trabalhasse não
para tempo mas para a eternidade.
Entretanto,
os escândalos de ordem moral e financeira ocorridos dentro de seus espaços,
foram de tal magnitude que surgiu o clamor de toda Igreja por uma reforma, a
ser levada avante, como uma de suas missões, pelo novo Papa Francisco. Como
escrevia o príncipe dos vaticanólogos, infelizmente já falecido, Giancarlo
Zizola (Quale Papa 1977): “quatro séculos de Contrarreforma haviam quase
extinto o cromossoma revolucionário do cristianismo das origens; a Igreja se
havia estabilizado como um órgão contrarrevolucionário”(p.278) e negadora de
tudo quanto aparecesse como novo. Num discurso aos curiais no dia 22 de
fevereiro de 1975, o Papa Paulo VI chegou a acusar a Cúria Romana de assumir
“uma atitude de superioridade e de orgulho diante do colégio episcopal e do
Povo de Deus”.
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