João Pedro Stédile: a mobilização popular por reforma política e conquistas sociais deve continuar para arrancar uma constituinte exclusiva que faça as reformas necessárias (Foto: Pablo Vergara) |
"Está definitivamente enterrada qualquer possibilidade de mudança política através do atual Congresso"
Por Nilton Viana, no sítio do jornal Brasil de Fato, de 23/07/201
Em junho, no auge dos protestos que sacudiram o país, o Brasil de Fato
publicou uma entrevista com João Pedro Stedile, dirigente nacional do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro das
articulações dos movimentos sociais brasileiros por mudanças sociais,
para fazer um balanço e entender o significado daquele momento.
Agora,
passado um mês daquele momento histórico, e após a realização do dia
nacional de paralisações, convocado pelas centrais sindicais e pelos
movimentos sociais, publicamos nova entrevista com Stedile. O dirigente
acredita que está definitivamente enterrada qualquer possibilidade de
mudança política através do atual Congresso. E ele é taxativo: “Se não
viabilizarmos uma assembleia constituinte, entraremos numa crise
política prolongada, cujos desdobramentos ninguém sabe como
acontecerão”.
(...)
E qual é a proposta dos movimentos sociais frente a essa situação?
Frente
a essa conjuntura, temos discutido nos movimentos sociais e realizado
inúmeras plenárias locais, estaduais e nacionais dos mais diferentes
espaços para ir acertando os passos unitários. Achamos que devemos
estimular todo tipo de mobilização de massa nas ruas, como já descrevi
sobre o mês de agosto. E por outro lado, a única saída política a curto
prazo é lutarmos pela convocação de uma constituinte exclusiva para
promover as reformas políticas que abrirão espaço para as necessárias
reformas estruturais. Como o Congresso não quer constituinte e derrotou o
próprio governo, cabe às forças populares se mobilizarem e convocarem
por conta própria um plebiscito popular que pergunte ao povo uma única
questão: você acha necessário uma assembleia constituinte exclusiva para
realizar as reformas? E com esse plebiscito popular, organizado por nós
mesmos, colher milhões de votos, por exemplo, entre setembro e
novembro, e aí fazer uma grande marcha a Brasília e entregar ao
parlamento a proposta, para que eles convoquem a eleição dos
constituintes junto com a eleição de 2014. E aí teríamos o Congresso
temporário, funcionando, e outra assembleia constituinte que teria, por
exemplo, seis meses (durante o primeiro semestre de 2015) para promover
as reformas que as ruas estão exigindo. No próximo dia 5 de agosto,
realizaremos uma plenária nacional de todos os movimentos sociais
brasileiros, para debater essa e outras propostas e aí darmos os
encaminhamentos necessários. Espero que os dirigentes que por ventura
lerem essa entrevista se motivem a participar dessa importante plenária
que será realizada em São Paulo.
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