IMPLICAÇÕES GEOPOLÍTICAS DA ENTRADA DA COLÔMBIA NA OTAN


Por Atilio Boron (foto), sociólogo argentino - reproduzido do blog Adital - Notícias da América Latina e Caribe, de 06/06/2013 (apesar do presidente da Colômbia ter tentado amenizar o impacto da declaração - seu ministro da Defesa disse que se trata somente de "cooperação" e não "entrada", a análise continua valendo).

O anúncio do presidente da Colômbia Juan Manuel Santos de que "durante esse mês de junho assinará um acordo de cooperação com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para mostrar sua disposição de ingressar nela” causou uma previsível comoção em Nossa América. O anúncio foi feito em um ato de ascensão de membros da Armada, em Bogotá, ocasião em que Santos assinalou que a Colômbia tem o direito de "pensar grande” e que ele fará tudo para ser dos melhores "não só da região, mas do mundo inteiro”. Continuou, dizendo, que "se conseguimos essa paz –referindo-se às conversações de paz que estão em curso em Havana, Cuba, com o aval dos anfitriões, Noruega e Venezuela- nosso Exército está na melhor posição para distinguir-se também em âmbito internacional. Já estamos fazendo isso em muitas frentes”, assegurou Santos. E pensa alcançar essa meta associando-se à Otan, uma organização sobre a qual pesam inúmeros crimes de todo tipo, perpetrados na Europa (recordar o bombardeio à ex Iugoslávia), na Líbia e agora sua colaboração com os terroristas que tomaram a Síria de assalto.

Jacobo David Blinder, ensaísta e jornalista brasileiro, foi um dos primeiros em alarmar-se ante essa decisão do colombiano. Até agora, o único país da América Latina "aliado extra Otan” era a Argentina, que obteve esse desonroso status durante os nefastos anos de Menem, e mais especificamente em 1998, após participar na Primeira Guerra do Golfo (1991-1992) e aceitar todas as imposições de Washigton em muitas áreas da política pública, como, por exemplo, desmantelar o projeto do míssil Condor e congelar o programa nuclear que durante décadas vinha desenvolvendo na Argentina. Dois gravíssimos atentados que somam um pouco mais de uma centena de mortos –à Embaixada de Israel e a Amia- foi o saldo da represália à Argentina por ter-se somado à organização terrorista do Atlântico Norte.

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