Nicolás Maduro num estádio de futebol, na Argentina, em encontro com milhares de militantes de esquerda afinados com o kirchnerismo (Foto: Prensa Miraflores) |
De Salvador (Bahia) - “Temos
que estar alertas porque existe o renascimento duma direita perigosa que
pretende infestar de fascismo as centro-direitas latino-americanas” (ver
observação). Este foi o alerta lançado pelo presidente venezuelano Nicolás
Maduro em encontro com milhares de militantes de esquerda (afinados com o kirchnerismo)
no estádio de futebol do clube All Boys (chamado Estádio Ilhas Malvinas). Foi
na quarta-feira, dia 8, depois de Maduro, em visita oficial ao país, ter
assinado acordos de cooperação com a presidenta Cristina Fernández de Kirchner.
Os principais homenageados do dia
foram os ex-presidentes Hugo Chávez (morreu em 25 de março último) e Néstor
Kirchner (morreu em outubro de 2010), os quais, juntamente com o ex-presidente
Lula, tiveram papel destacado na luta da América Latina por uma integração
soberana. Maduro, diante de uma platéia entusiasmadíssima, exaltou também os
líderes históricos da Argentina, Perón e Evita, sem esquecer os libertadores
Simón Bolívar e San Martín.
“Sou o primeiro presidente peronista
e kirchnerista da Venezuela”, brincou o líder chavista, acrescentando: “O
segundo, na realidade, porque o primeiro foi Chávez”. Um pequeno grupo de
venezuelanos começou a gritar “Chávez vive, a luta continua”, sendo seguido por
todo o estádio. “Chávez vive, a luta continua. Néstor vive, a luta continua.
Evita vive, a luta continua. Os povos vivem e a luta continua”, replicou
Maduro, que garantiu diante da multidão: “Não tenham dúvidas de que aqui se
continua a revolução”.
A manifestação foi preparada por
Unidos e Organizados, como chamam lá a ação conjunta de dezenas de organizações
democráticas e populares, identificadas com a luta do governo argentino.
Estavam lá militantes de tais organizações, como La Cámpora (agrupação
preferida pela juventude kirchnerista), Movimento Evita, Miles (Milhares, do
dirigente Luis D’Elía), Corrente Peronista Descamisados, Kolina, Segundo
Centenário, MUP, La Guemes, Partido Comunista Congresso Extraordinário e Novo
Encontro, dentre outras.
Observação:
O alerta do primeiro presidente
chavista da era pós-Chávez está ligado ao estouro da violência dos partidários
do candidato derrotado no seu país, Henrique Capriles, o qual não reconheceu a
vitória apertada de Maduro – uma diferença de quase 300 mil votos -, e chamou a
oposição às ruas para protestar logo na noite de 15 de abril último, quando foi
anunciado o resultado da eleição.
A partir daí 11 chavistas foram
assassinados (incluindo alguns feridos que morreram após os atos violentos),
mais de 70 pessoas feridas e foram atacados, e até incendiados, locais de
serviços governamentais e sedes do Partido Socialista Unido da Venezuela/PSUV,
o principal partido de sustentação do governo.
Foram presos mais de 100 manifestantes
e as autoridades prometem apurar e punir os executores e responsáveis pelas
mortes e pelos estragos. Entre os detidos está o general da reserva Antonio
Rivero, ligado à oposição, que foi acusado de insuflar a violência.
(Os dados do encontro no estádio foram retirados da matéria
assinada por Julián Bruschtein,
intitulada “Aqui se continua a revolução”, que faz parte da ampla cobertura da
visita de Maduro, feita pelo jornal argentino Página/12, edição de quinta-feira, dia 9).
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