Noam Chomsky está entre os signatários da carta (Foto: AVN) |
Caracas - 21 intelectuais estadunidenses, entre eles o escritor Noam Chomsky e o cineasta Oliver Stone, enviaram uma carta à editora do diário The New York Times, Margaret Sullivan, na qual pedem que ela analise o enfoque parcial contra a Venezuela e em especial contra o governo do líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez (1999-2013).
Eles afirmam que o jornal, nos últimos quatro anos, em consonância com a linguagem do governo estadunidense, “tachou Chávez como 'autocrata', 'déspota', 'governante autoritário', e um 'caudilho' em suas coberturas jornalísticas”.
E mais: “Se incluímos os artigos de opinião, o Times publicou pelo menos 15 artigos empregando tal linguagem, descrevendo Chávez como 'ditador' ou 'homem forte'.
Os intelectuais fazem uma comparação com o tratamento que o diário faz com as notícias e artigos sobre Honduras a partir de 2009, ano em que mediante um golpe de Estado foi derrubado o então presidente Manuel Zelaya e ocupou seu lugar Roberto Micheletti, em cujo mandato foi eleito mandatário Porfirio Lobo.
“Nenhum colaborador do New York Times utilizou esses termos para se referir a Micheletti, que encabeçou um regime golpista após a deposição de Zelaya, nem se referiu assim a Porfirio Lobo, que o sucedeu. Ao contrário, o jornal os descreveu em seus noticiários como 'interino', 'de fato', e 'novo”.
Lembraram que Lobo chegou ao poder graças a uma eleição “marcada pela repressão e a censura”. Além disso, “desde o golpe de Estado, as forças militares e policiais hondurenhas assassinaram civis com frequência”.
Explicam que “enquanto alguns grupos pelos direitos humanos criticaram o governo de Chávez, as forças da ordem em Venezuela não têm histórico de haver assassinado civis, como é o caso em Honduras”.
Ademais, nos últimos 14 anos realizaram-se 18 eleições, as quais foram amplamente reconhecidas mundialmente.
“Jimmy Carter avalizou as eleições na Venezuela, entre as 92 eleições monitoradas pelo Centro Carter, e as descreveu como 'um magnífico sistema de votação'. Ele concluiu que o processo eleitoral na Venezuela é o melhor do mundo”, assinalam.
Esta petição foi feita a partir duma coluna da editora do NY Times, publicada em abril último, na qual manifestou: “Ainda que as palavras e frases particulares não tenham muita importância dado o grande fluxo diário que se cria, a linguagem importa. Quando os órgãos noticiosos aceitam a maneira de se expressar do governo, eles parecem aceitar a forma de pensar do governo. No NY Times, estas decisões têm ainda mais peso”.
Diante da afirmação feita por Sullivan, os intelectuais estadunidenses lhe pedem coerência entre seu discurso e o tratamento noticioso do NY Times.
“Pedimos que examine esta diferença nas coberturas e o uso da linguagem, particularmente porque tal diferença pode dar uma impressão a seus leitores da parcialidade a favor da posição do governo estadunidense com respeito ao governo de Honduras (ao qual apoia), e ao governo venezuelano (ao qual se opõe) – precisamente a síndrome que a Senhora escreve e adverte em sua coluna”, manifestam na carta.
Tradução: Jadson Oliveira
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