Galeano: "O mundo novo pode ser construído na realidade e não só na imaginação dos profetas" (Foto: Internet) |
Esta é a parte 2 (divisão feita por este blog) dum
artigo intitulado “Defender os médicos cubanos; denunciar as políticas de
saúde no Brasil! (uma contribuição ao
debate” (datado de
11/05/2013), enviado pelo jornalista Otto Filgueiras, baiano há muito radicado
em São Paulo. O título original desta parte é “E o mais importante, como
agir frente a essa política?”. O título acima é deste blog.
Por
Otávio Dutra -
estudante da Escola Latino Americana de Medicina em Cuba, militante do Partido
Comunista Brasileiro (PCB) e membro da Coordenação Nacional da União da
Juventude Comunista (UJC).
A notícia da vinda desses milhares de
cubanos e cubanas já desencadeou uma importante disputa no campo das idéias e
das ações. É um momento em que as posições das classes sociais antagônicas
dentro do sistema capitalista se acirrarão. Sendo assim, a posição dos
revolucionários deve ser de crítica na essência das políticas de saúde do
governo Dilma, mas de defesa dos médicos cubanos, sem deixar em qualquer
momento de divulgar ao conjunto da sociedade as reais intenções de mais essa
política paliativa, que ao mesmo tempo que chama médicos e médicas altamente
qualificados de Cuba para trabalhar em regiões sem a estrutura adequada, corta
recursos da saúde e privatiza os serviços e a infra-estrutura da área, para
direcionar os recursos ao pagamento de banqueiros e empresários do Brasil e do
mundo. Também será de fundamental importância a construção de um forte e amplo
movimento social para amparar os cubanos assim que cheguem em território
nacional, já que em muitos casos estará em risco, inclusive, sua segurança
pessoal. Outra questão importante é aproveitar o momento de debate para defender
a revalidação dos diplomas dos brasileiros e brasileiras graduados na Escola
Latino Americana de Medicina em Cuba, com a devida complementação curricular
nas universidades públicas do Brasil.
A experiência no Tocantins, estado
cujo governo estadual em 2005 celebrou um convênio para a vinda de uma centena
de médicos cubanos, mostrou que os setores mais conservadores da sociedade não
estão no jogo para brincar. Muitos cubanos receberam violentas ameaças naquele
momento e, depois de uma intensa luta jurídica, foram expulsos do Brasil. Esse
fato, caso se repita, pode gerar uma importante mobilização social, que desde
já deve ser preparada com a intensificação do debate em torno à luta por um
sistema de saúde 100% estatal e pública, integral e de alta qualidade, contra
qualquer tentativa de privatização/precarização e em defesa dos médicos e
médicas de Cuba que trabalharão no Brasil, assim como da rebelde, incansável e
persistente Revolução Cubana, exemplo de valores, de idéias e de resistência
para os povos da América Latina e do mundo. E aos que insistem em atacar Cuba
responderemos munidos de Eduardo Galeano:
“Não foi nada fácil esta proeza nem
foi linear o caminho. Quando verdadeiras, as revoluções ocorrem nas condições
possíveis. Em um mundo que não admite arcas de Noé, Cuba criou uma sociedade
solidária a um passo do centro do sistema inimigo. Em todo esse tempo tenho
amado muito esta Revolução. E não somente em seus acertos, o que seria fácil,
senão também em seus tropeços e em suas contradições. Também em seus erros me
reconheço: este processo tem sido realizado por pessoas simples, gente de carne
e osso, e não por heróis de bronze nem máquinas infalíveis. A Revolução Cubana
tem-me proporcionado uma incessante fonte de esperança. Aí estão, mais poderosas
que qualquer dúvida, essas novas gerações educadas para a participação e não
para o egoísmo, para a criação e não para o consumo, para a solidariedade e não
para a competição. E aí está, mais forte que qualquer desânimo, a prova viva de
que a luta pela dignidade do homem não é uma paixão inútil e a demonstração,
palpável e cotidiana, de que o mundo novo pode ser construído na realidade e
não só na imaginação dos profetas.” (A primeira parte foi publicada no dia 15/maio).
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