VENEZUELA: GRUPOS VIOLENTOS ATACAM: JÁ FALAM DE 4 MORTOS



Grupo anti-chavista queima carros em Barinas (Foto: Aporrea.org)
De Salvador (Bahia) - Os venezuelanos tiveram uma noite (desta segunda, dia 15) com focos de violência em Caracas e em alguns estados, depois que Henrique Capriles, candidato derrotado por estreita margem pelo presidente (já proclamado pelo Conselho Nacional Eleitoral-CNE) Nicolás Maduro, convocou seus seguidores às ruas para protestos. Embora sem apresentar qualquer indício de fraude ou irregularidades no processo eleitoral, ele declarou não reconhecer a vitória do chavismo e exigiu recontagem dos votos, “um a um”, o que não foi aceito pelo CNE.

(No sistema eleitoral venezuelano, ao contrário do que ocorre no Brasil, por exemplo, o sistema eletrônico emite um “papel” para cada voto registrado na maquininha, sendo portanto possível a recontagem manual, no caso de dúvidas. É o famoso “papelzinho” de que tanto reclamava nosso velho Leonel Brizola).

As manifestações da direita, como se previa, derivaram para ataques de grupos violentos, o que já teria resultado no assassinato de quatro pessoas, supostamente ligadas à militância chavista, conforme noticiaram órgãos da imprensa afinados com o governo. Conforme tal noticiário, bastante fragmentado (que acompanho pela Internet, claro), foram incendiados carros e sedes do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela, o maior partido de sustentação do governo) nos estados de Barinas, Táchira e Anzoátegui.
O povo chavista, especialmente de bairros populares como 23 de Janeiro, foi também às ruas na noite desta segunda, dia 15, defender os ideais revolucionários (Foto: AVN)
Os ataques, inclusive em Caracas, se dirigiram também contra vários CDIs (Centros de Diagnóstico Integrado, onde funciona o serviço de assistência gratuita à saúde, integrado por médicos cubanos e constantemente difamado pela oposição). Também teriam sido assediadas as sedes das TVs Venezuelana de Televisão (VTV - estatal) e Telesul, de emissoras comunitárias e sedes da Mercal (cadeia estatal de mercado popular), além de casas de militantes da Revolução Bolivariana.

O governo parece atacado por um complexo de deslegitimação

O governo parece se manter na defensiva, atacado por uma espécie de complexo de deslegitimação, depois do impressionante crescimento dos votos anti-chavistas. Convocou uma concentração “em favor da paz” para a próxima sexta-feira, dia 19, quando se dará a posse e o juramento de Maduro na Assembleia (Congresso) Nacional. Mas o povo chavista estava à noite também nas ruas defendendo os ideais revolucionários, especialmente em bairros populares como 23 de Janeiro (as manifestações caprilistas se concentraram mais nos bairros de classe média da capital).

Maduro colocou em operação um Comando Anti-golpe e tenta a todo custo evitar provocações, clamando por paz, enquanto os meios de comunicação estatais e outros afinados com a revolução colam o nome de Capriles nos ataques, nas “guarimbas”, como eles chamam lá. A tática do governo é, ao que parece, buscar o isolamento do líder direitista, convertido, após a derrota – mas com espantosos mais de 7 milhões de votos – aos velhos métodos golpistas. 

Ainda há pouco, por volta do meio-dia desta terça, dia 16, o chanceler Elías Jaua, um dos maiores nomes do chavismo, acusou Capriles e seu aliado Leopoldo López (ex-prefeito de Chacao, um dos cinco municípios que compõem a capital) como responsáveis pelas ações violentas.

As autoridades falam a todo momento que o Estado está preparado para enfrentar os que buscam quebrar a institucionalidade, e ameaçam os “grupos fascistas” com o aparato legal e a responsabilização dos chefes de atos violentos e criminosos.

Enquanto isso, a vitória de Maduro já foi reconhecida pelos governos da região (inclusive do Brasil) e outros pelo mundo afora, como China e Rússia. Os governos dos Estados Unidos e da Espanha, como sempre, estão alinhados com os golpistas e respaldam o posicionamento de Capriles. O secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, também mantém sua antiga postura anti-chavista (não por acaso o sempre inspirado Chávez o chamava de “insulso” – insípido, sem graça, desinteressante).

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