"Assombra-me não o picadinho variado das medidas do Ministério da Fazenda, e sim a falta de uma Política Econômica que se enquadrasse em um Programa para o Brasil, doutrinariamente à esquerda, fundado na solidariedade, na distribuição da renda e dos benefícios do avanço tecnológico, na prevalência, sempre, dos interesses populares e nacionais".
Diz em discurso o senador Roberto Requião (PMDB-Paraná), conforme vídeo acima e texto do blog Vi o Mundo, postagem de 25/03/2013, com o título "Requião dá nome aos bois, detona mídia, governo Dilma e o coro sinistro de tucanos que pregam recessão e desemprego". O título acima é deste blog. Poderia ser também: "Requião entre brumas e fantasmas direitistas".Selecionei quatro trechos:
1 - "Mal se evaporam os Mendonças, emergem do vazio as barbas brancas de Gustavo Loyola, tantas vezes colocadas de molho. Professoralmente, elas advertem: o Brasil não está preparado para conviver com taxas de juros estruturalmente menores.
Proclamada a nossa incapacidade atávica de se libertar dos usurários, as barbas do ex-presidente do Banco Central desmancham-se em mil fios. Enquanto opera-se o prodígio, coça-me uma pergunta: “Seriam os ares tropicais ou a nossa tão celebrada mulatice responsáveis por essa inabilitação a desenredar-se da agiotagem?”.
2 - "Pontificais, recitam a litania: corte dos gastos públicos, redução do consumo, enxugamento do crédito e elevação dos juros como mecanismos de combate à inflação, contenção dos aumentos salariais, flexibilização das leis trabalhistas, abertura ilimitada ao capital estrangeiro e à remessa de lucros para o exterior, privatizações, terceirizações, concessões….. …..e, recitando a chorumela, apagaram-se na noite tenebrosa.
Enquanto Friedman e Gudin se desmancham, o coro financeiro, agora encorpado por notáveis da oposição, pelos “especialistas” ouvidos todos os dias pela GloboNews e pela CBN, a cada meia hora, por colunistas multiuso que nada entendem de tudo, o coro de novo extasia-se, deleita-se, inebriado".
3 - "Tenho a ilusão de que o sigma desgruda das camisas verdes, gira em um caleidoscópio, e compõe como que uma coroa de letras e transforma-se, agora, em símbolo da mais poderosa usina da idéias conservadoras do Brasil, o think thank Instituto Millenium. A visagem deságua em pesadelo quando o subconsciente traz à memória siglas como IPES, Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, IBAD, Instituto Brasileiro de Ação Democrática, GPMI, Grupo Permanente de Mobilização Industrial, usinas de idéias antipopulares, antitrabalhistas, antissociais, antidemocráticas, antibrasileiras, anti-humanas.
IPES, IBAD, GPMI, anauê, sigmas…… que pesadelo!"
4 - "Aterroriza-me não a contabilidade criativa, e sim a ideologia do superávit primário.
Desassossega-me não o aumento da inflação, e sim a corrosão de nossa base industrial, sucateando-se ao céu aberto da incúria governamental.
Alvoroça-me não o crescimento da inadimplência, e sim a fragilidade de uma política econômica que se ancora no consumo, no crédito consignado e na exportação de commodities.
Assusta-me não a expansão dos gastos públicos, e sim a paralisia das obras de infra-estrutura; a execução lentíssima, sonolenta do Orçamento da União.
De que têm medo os nossos próceres ministeriais? Intimidam-nos a insepulta Delta ou o libérrimo Cachoeira?
Apavora-me não o desacordo em relação às metas, e sim, as próprias metas, camisa de força imposta pelo mercado, pela financeirização da economia, que certa esquerda transforma em bandeira para ser vista como “responsável”, “moderna”.
Argh!!!
Estarrecem-me não as privatizações, e sim o abuso, o desregramento das concessões, superando até mesmo toda fobia privatista de Margareth Thatcher, como se vê agora no caso dos portos.
Assombra-me não o picadinho variado das medidas do Ministério da Fazenda, e sim a falta de uma Política Econômica que se enquadrasse em um Programa para o Brasil, doutrinariamente à esquerda, fundado na solidariedade, na distribuição da renda e dos benefícios do avanço tecnológico, na prevalência, sempre, dos interesses populares e nacionais".
(Clicar para ler o discurso na íntegra)
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