Política de comunicação da presidenta Dilma leva mídia independente à pior crise desde a ditadura
12/3/2013 13:17
Por Redação – de São Paulo e Brasília (reprodução parcial)
do Correio do Brasil
Reproduzido do blog Vi o Mundo, postagem de 13/03/2013
A política de comunicação do governo Dilma conseguiu produzir, nesta terça-feira, dia 12, mais uma baixa entre uma das mais renomadas publicações da esquerda brasileira. Distante dos anunciantes tradicionais no varejo, que se vêem forçados a anunciar apenas nos diários de corporações líderes de venda na imprensa brasileira, sob pena de perder as negociações comerciais nestes veículos da mídia conservadora; e sem qualquer reconhecimento por parte do poder público, sejam municipais, estaduais ou federal, a revista Caros Amigos foi vítima da “asfixia financeira”, como classifica a agência brasileira de notícias Carta Maior, promovida pela política em curso na Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Desde a ditadura militar, a mídia independente no país vive sua pior crise.
A revista, fundada em 1997 por intelectuais e jornalistas, detentora de sete distinções do prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, entra em crise, a redação faz greve e é demitida. “Na origem do problema, a asfixia financeira, decorrente das decisões do governo federal de suprimir publicidade de utilidade pública nos veículos da mídia alternativa. Criada pelo renomado jornalista Sergio de Souza, Caros Amigos tornou-se uma referência pela qualidade de suas grandes reportagens e entrevistas. A revista resistiu ao ciclo tucano dos anos 90, mas não suportou os ‘critérios técnicos’ da Secom no governo Dilma, cuja prioridade é concentrar recursos nos veículos conservadores”, afirma a Carta Maior, em sua edição desta terça, dia 12.
Opinião sensata
Em sua página em uma rede social, o cartunista e intelectual Gilberto Maringoni, que integra a redação da agência Carta Maior, escreveu sobre o drama vivido pela Caros Amigos.
“Vou dizer uma coisa e espero não ser mal interpretado. Não vale a pena atacar o editor da Caros Amigos, Wagner Nabuco, como se ele fosse inteiramente responsável pela dramática situação da revista. Sei perfeitamente o que é ficar sem receber e sem ter direitos trabalhistas respeitados. Mas é injusto demonizar Wagner como se fosse um patrão da grande imprensa, um Frias ou Marinho da vida.
“Wagner batalha há mais de 30 anos pela transformação social e sofre o cerco e o descaso de um governo que dá importância zero à pluralidade e à democratização das comunicações. Estive com ele na Confecom, em 2009, e sei das investidas que faz para manter a publicação. Sou inteiramente solidário aos jornalistas de lá, muitos deles meus amigos. Eles devem buscar fazer valer seus direitos. Mas é preciso centrar as baterias contra o responsável principal por esta situação, o governo federal, que tem absoluta preferência pelos monopólios da mídia. Na situação em que estamos, Caros Amigos será apenas a primeira a cair… Lamentavelmente”, prevê Maringoni.
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