Militar americano envolvido no episódio do Wikileaks (foto) anunciou que se declarará culpado em 10 das 22 acusações que lhe foram feitas, entre as quais passar informação a pessoa não autorizada. Mas manterá a declaração de “inocente” nos demais 12 crimes de que é acusado, como os de espionagem a favor do inimigo, cuja pena é a prisão perpétua.
Por Marjorie Cohn, Countercurrents (reproduzido do portal Carta Maior, de 01/03/2013)
Pela primeira vez Bradley pôde falar publicamente sobre o que fez e
porquê. As suas ações, agora conhecidas pelas suas próprias palavras,
mostram um jovem soldado muito corajoso.
Quando tinha 22 anos, o cabo Bradley Manning entregou documentos secretos à WikiLeaks. Entre esses documentos, o vídeo conhecido como “Collateral Murder” [Assassinato Colateral], em que se veem militares norte-americanos num helicóptero Apache, assassinando 12 civis desarmados, dos quais dois eram jornalistas da Agência Reuters, e ferindo duas crianças.
“Supus que, se o público, principalmente o público norte-americano, assistisse àquele vídeo, talvez surgisse algum debate sobre os militares e a nossa política exterior em geral, como era aplicada ao Iraque e ao Afeganistão” – disse Bradley diante do tribunal militar que o está a julgar, durante as formalidades da sessão em que se declarou culpado em algumas das acusações.
“Supus que o vídeo pudesse levar a sociedade norte-americana a reconsiderar a necessidade de envolver-se em operações de antiterrorismo, sem nada saber sobre a situação humana das pessoas contra as quais disparamos todos os dias.”
Bradley disse que se sentiu frustrado por não ter conseguido convencer os seus superiores a investigar os factos que se veem no vídeo “Assassinato Colateral” e outras imagens e escritos de “pornografia bélica” que havia nos arquivos que entregou à WikiLeaks.
“Fiquei muito perturbado, quando não vi qualquer reação diante de crianças feridas.” O que mais perturbou Bradley foram os soldados que se veem no vídeo, que “parecem não dar valor algum à vida humana e referem-se [aos alvos dos tiros], como “filhos da puta mortos” [dead bastards].
Pessoas que se aproximaram para resgatar os feridos também foram alvejadas e mortas. A ação dos soldados norte-americanos que se veem naquele vídeo é tipificada como crime de guerra nos termos das Convenções de Genebra, que proíbe de disparar contra civis; impedir resgate e socorro de feridos; e destruição de cadáveres para impedir que sejam identificados.
Ninguém da WikiLeaks pediu ou o estimulou a dar os documentos, disse Bradley. “Ninguém associado com a Organização WikiLeaks (WLO) pressionou para que lhes desse mais informação. A decisão de entregar documentos à WikiLeaks foi exclusivamente minha.”
Antes de fazer contacto com a WikiLeaks, Bradley tentou interessar o Washington Post a publicar os documentos, mas não recebeu qualquer resposta do jornal. Tentou fazer contacto também com o New York Times, sem sucesso.
Durante os primeiros nove meses de detenção, Bradley foi mantido em cela solitária – o que caracteriza tortura, dado que o isolamento pode levar a alucinações, catatonia e suicídio.
Bradley manteve a declaração de “inocente” nos demais 12 crimes de que os promotores do tribunal militar o acusam, dentre outros o de espionagem a favor do inimigo e colaboração com o inimigo, cuja pena é a prisão perpétua.
As ações de Bradley Manning fazem lembrar o que fez Daniel Ellsberg, que divulgou os “Papéis do Pentágono”, no qual se expunham as mentiras do governo dos EUA e que apressaram o fim da Guerra do Vietname.
Tradução: Esquerda.net
Quando tinha 22 anos, o cabo Bradley Manning entregou documentos secretos à WikiLeaks. Entre esses documentos, o vídeo conhecido como “Collateral Murder” [Assassinato Colateral], em que se veem militares norte-americanos num helicóptero Apache, assassinando 12 civis desarmados, dos quais dois eram jornalistas da Agência Reuters, e ferindo duas crianças.
“Supus que, se o público, principalmente o público norte-americano, assistisse àquele vídeo, talvez surgisse algum debate sobre os militares e a nossa política exterior em geral, como era aplicada ao Iraque e ao Afeganistão” – disse Bradley diante do tribunal militar que o está a julgar, durante as formalidades da sessão em que se declarou culpado em algumas das acusações.
“Supus que o vídeo pudesse levar a sociedade norte-americana a reconsiderar a necessidade de envolver-se em operações de antiterrorismo, sem nada saber sobre a situação humana das pessoas contra as quais disparamos todos os dias.”
Bradley disse que se sentiu frustrado por não ter conseguido convencer os seus superiores a investigar os factos que se veem no vídeo “Assassinato Colateral” e outras imagens e escritos de “pornografia bélica” que havia nos arquivos que entregou à WikiLeaks.
“Fiquei muito perturbado, quando não vi qualquer reação diante de crianças feridas.” O que mais perturbou Bradley foram os soldados que se veem no vídeo, que “parecem não dar valor algum à vida humana e referem-se [aos alvos dos tiros], como “filhos da puta mortos” [dead bastards].
Pessoas que se aproximaram para resgatar os feridos também foram alvejadas e mortas. A ação dos soldados norte-americanos que se veem naquele vídeo é tipificada como crime de guerra nos termos das Convenções de Genebra, que proíbe de disparar contra civis; impedir resgate e socorro de feridos; e destruição de cadáveres para impedir que sejam identificados.
Ninguém da WikiLeaks pediu ou o estimulou a dar os documentos, disse Bradley. “Ninguém associado com a Organização WikiLeaks (WLO) pressionou para que lhes desse mais informação. A decisão de entregar documentos à WikiLeaks foi exclusivamente minha.”
Antes de fazer contacto com a WikiLeaks, Bradley tentou interessar o Washington Post a publicar os documentos, mas não recebeu qualquer resposta do jornal. Tentou fazer contacto também com o New York Times, sem sucesso.
Durante os primeiros nove meses de detenção, Bradley foi mantido em cela solitária – o que caracteriza tortura, dado que o isolamento pode levar a alucinações, catatonia e suicídio.
Bradley manteve a declaração de “inocente” nos demais 12 crimes de que os promotores do tribunal militar o acusam, dentre outros o de espionagem a favor do inimigo e colaboração com o inimigo, cuja pena é a prisão perpétua.
As ações de Bradley Manning fazem lembrar o que fez Daniel Ellsberg, que divulgou os “Papéis do Pentágono”, no qual se expunham as mentiras do governo dos EUA e que apressaram o fim da Guerra do Vietname.
Tradução: Esquerda.net
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