O RESGATE DA AP: GRANDEZAS E MISÉRIAS DO COMPORTAMENTO NO TEMPO DO TERRORISMO DE ESTADO NO BRASIL

Otto Filgueiras, jornalista baiano vivendo há uns 20 anos em São Paulo (Foto: Internet)
Uma das principais bases políticas da resistência ao regime militar, a Ação Popular defendeu a luta armada para derrubar a ditadura


Por Geraldo Hasse, no seculodiario.com, de 07/02/2013

Está em vias de virar livro ainda em 2013 a longa (28 anos) pesquisa do jornalista Otto Filgueiras sobre a história da Ação Popular (AP), uma das principais siglas políticas engajadas na resistência à ditadura militar, ao lado da ALN, do PCdoB e da VPR.
 
De origem baiana, o pesquisador é repórter há 36 anos e dedicou a maior parte de sua vida profissional ao levantamento da vida e morte da organização de esquerda que teve entre seus militantes originais o sociólogo mineiro Herbert de Souza (Betinho) e o líder estudantil José Serra, ex-governador paulista que, como candidato do PSDB, já perdeu para o PT duas eleições presidenciais.
 
Empenhado em fazer um balanço da história da organização que nasceu no seio da esquerda católica de Belo Horizonte no início dos anos 1960 e esgotou-se na luta armada na década de 70, Filgueiras está formatando o último dos 150 capítulos do livro REVOLUCIONÁRIOS SEM ROSTOS - Uma História da Ação Popular, que tem envergadura para sair em forma de trilogia, num total de 1000 páginas.   

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O relato de Otto Filgueiras configura, talvez, a mais perturbadora viagem às prisões do governo militar, pois revela grandezas e misérias do comportamento dos dois lados da história. O repórter achou nos arquivos policiais um documento do Ministério da Justiça que orienta como interrogar e torturar os militantes da AP. Segundo o documento, o pessoal da AP era bem preparado ideologicamente, resistia para “falar” mesmo sob tortura e, quando dava depoimento, “inventava estória”. Por outro lado, alguns capítulos se referem à colaboração de pessoas ligadas à AP com os órgãos da repressão. Foi a partir dessas delações que o CIE promoveu o cruel desmantelamento da AP em 1973.
 

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